Dia Mundial do Livro, 23 de abril. Até semana passada, nem sabia que a data existia, mas eu e duas amigas estreamos hoje o Casa Livro, um novo projeto com sugestões de livros, debates e reflexões sobre o universo literário. Simplesmente, porque ler é uma delícia e é também por isso que todo sábado indico livros aqui, os que fizeram e fazem diferença em minha vida. Até estudando, quando começamos a estudar algo, parece que janelas são abertas em nós, para novas vistas, dá pra quase sentir novas sinapses se formando. Os textos de ficção então, é isso dobrado, porque ainda tem a descoberta dos personagens, os apaixonamentos, aquela vontade de não querer que a história acabe, ao mesmo tempo que queremos saber mais. Eu comecei a ler 'de verdade' ainda adolescente, e me vi perdida de amores por esse mundo, como a mocinha de Gilmore Girls. Com o tempo, entendi que também gostava de escrever e este Café é um pouco das duas coisas e do cinema, que não deixo nunca.
Para unir tudo isso, busquei filmes e séries nos streamings que não fossem apenas adaptações de algum romance, mas que estivessem imersos no ofício ou no espaço do escritor e do livro. Tem histórias sobre escritores reais, escritores da ficção, receitas baseadas em livros, bibliotecas, livrarias, clube do livro, um pouco de cada possibilidade dentro do universo literário. E, também por isso, busquei em vários streamings, para termos mais opções. Espero que gostem.
- Netflix
Mary Shelley (2017) |
Mary Shelley (2017)
Mary Shelley tinha 16 anos quando conheceu seu marido, com então 21, o poeta Percy Shelley. O filme conta este momento de sua vida, até o lançamento de Frankenstein em 1823. O livro é tido como terror e também como ficção científica - em tese, o primeiro do gênero no mundo. Mas, o livro vai além e é disso que trata o filme, dos temas que perpassam o horror dos crimes e da formação do homem-monstro. Frankenstein é sobre solidão, adaptação a um mundo enquanto renegado, um órfão que vive à margem, no desprezo e escárnio social. É um livro brilhante, um clássico que ultrapassa séculos e se mantem atual. Uma delícia de ler, uma escrita rica e vibrante.
Sociedade dos Poetas Mortos (1989)
É impressionante como esse filme já tem 30 anos. Clássico dos clássicos filmes sobre professores inspiradores e grandes estudantes, talvez só não seja mais importante do que Ao mestre, com carinho (1967), por seu caráter pioneiro. Robin Williams é John Keating, professor de literatura inglesa que ensina a um grupo de estudantes o que significa e quem é parte da Sociedade dos Poetas Mortos, clube que mudará suas vidas, irremediavelmente. Lindo, para ser visto de tempos em tempos e nos trazer um pouco de poesia, sentimentos e beleza. Com um elenco impressionante, provavelmente, está em qualquer lista de melhores filmes.
O mestre dos gênios (2016)
O poeta Thomas Wolfe (Jude Law) conhece Max Perkins (Colin Firth), o editor de livros que lançou F. Scott Fitzgerald e Ernest Hemingway. Eles travam uma amizade e é de Perkins a responsabilidade de editar seus textos e lançá-los ao mundo. O sofrimento e a glória começam aí, na árdua tarefa de cortar aproximadamente trezentas páginas do manuscrito. Animado, é um filme que nos deixa pra cima, amando um pouco mais, se for possível, tudo o que cerca o mundo dos livros.
- Amazon Prime Vídeo
Biblioteca na cozinha (2018) |
Produzida pela Tastemade, empresa que se especializou em vídeos curtos sobre culinária para as redes sociais, conta aqui com receitas encontradas ou inspiradas em romances, livros de ficção, clássicos ou não. A ideia é passar o recado, ou melhor, a forma de fazer aquela comida. De Mary Poppins a 50 tons de cinza, passando por Tenda dos milagres e On the road. Interessante e dá vontade de testar todas as ideias.
Baseado em fatos reais (2017)
Polanski traz um novo thriller, agora com duas mulheres como protagonistas. Delphine (Emmanuelle Seigner) é uma escritora que acaba de lançar um livro, mas vive um momento dificil. O novo projeto não anda, não sai da página em branco, ela já não quer lidar com a tour do livro lançado, crises de ansiedade. Neste meio tempo, conhece Elle (Eva Green) - como em Louca Obsessão - sua fã número um. As duas começam uma amizade e Elle ganha, cada vez mais, espaço e relevância na vida de Delphine, que passa a se incomodar, ao mesmo tempo que aceita esta 'invasão' que lhe parece facilitar o dia a dia, até que... um suspense interessante, com um jogo de cena incrível de duas grandes atrizes.
Meia noite em Paris (2011)
Gil (Owen Wilson) é escritor e viaja com sua noiva (Rachel McAdams) e a família dela a Paris. Lá, se apaixona pela cidade francesa e relembra o que só conhece pelos livros, a belle époque dos anos 20, quando a metropóle europeia era a capital mundial da cultura ocidental. Grandes pintores, cineastas, poetas, escritores viveram e se conheceram ali. Em seus passeios, de alguma forma entra neste mundo à meia noite de todos os dias e revive um pouco do sonho do século passado, reencontrando inspiração para escrever. O filme é uma delícia, com os diálogos bem desenhados de sempre de Woody Allen, os reencontros com os artistas interpretados por um elenco incrível (Léa Seydoux, Kathy Bates, Marion Cotillard, Adrien Brody, Tom Hiddleston, Carla Bruni, Alisson Pill) e o tom de comédia leve e despretensiosa de sempre. A crítica tá aqui!
- Telecine Play
Orgulho e Preconceito (2005) |
Orgulho e preconceito (2005)
Baseado na obra homônima de Jane Austen de 1813, conta a história de Elisabeth Bennet, uma aspirante a escritora em uma família grande, com muitas irmãs e pouca relevância social. A intenção de seus pais é que ela, assim com suas irmãs, se case para que consigam se manter. Por outro lado, nossa heroína tem dificuldades em encontrar alguém à sua altura. O filme é conta com Keira Knightley, Matthew Macfadyen e Donald Sutherland.
Capote (2005)
Moulin Rouge (2001)
Oprah's book club (2019-)
Louca obsessão (1990)
O fantasma escritor (2019)
O Iluminado (1980)
Truman Capote escreveu A Sangue Frio (1965), um livro em que conta a história do massacre de uma família no Kansas e da vida dos assassinos, no corredor da morte. O livro é impressionante e a intimidade que o escritor cria com os criminosos põe em cheque questões impensadas na época. O filme tem Philip Seymour Hoffman e faz jus tanto aos personagens reais, quanto ao livro.
Moulin Rouge (2001)
Musical ultra romântico, lindo e bem feito, provavelmente todo mundo já viu. Ewan McGregor é um poeta que se apaixona por uma dançarina - ninguém menos que Nicole Kidman - do Moulin Rouge, em Paris. Entre amores, canções, coreografia e drama, o filme nos pega e não nos larga mais, em que tudo parece festa, mas toca temas sérios.
- Apple TV+
Oprah's book club (2019-) |
Oprah Winfrey é essa mulher-lenda americana, empreendedora, apresentadora de programa de tv, dona de um canal de tv, atriz, todo um combo. Ano passado, ela teve uma ideia de clube do livro-programa de tv. Ela indica e lê um livro e traz para o programa o autor e alguns convidados para discutirem os temas e o processo da escrita. E isso é bom para todo mundo: para os leitores, que passam a fazer parte da discussão, para o autor, não só para ter com quem discutir, como para ganhar visibilidade em um mercado tão difícil e para a cultura e negócio do livro, já que uma influenciadora do tamanho de Oprah está investindo tempo, dinheiro e atenção. Achei incrível mesmo e deixo o site (em inglês) para verem como é o processo, caso não tenham o streaming em casa. Achei também outro link em inglês com a lista dos livros que ela indicou.
Louca obsessão (1990)
Annie Wilkes (Kathy Bates) é fã número um de Paul Sheldon (James Caan), um escritor de romances best-seller. Um dia, ele sofre um acidente em meio a uma nevasca e ela o resgata, o levando para casa, enquanto as estradas estão fechadas. Quando Annie descobre que a heroína dos livros de Paul morre, ela não aceita e ele é obrigado a dar continuidade à história para se manter vivo. Baseado no livro homônimo de Stephen King e sendo um suspense que parece um filme b, mas é bom, trata das expectativas do público, os apegos aos personagens e, de alguma maneira, do amor à literatura - até as últimas consequências!
O fantasma escritor (2019)
Esta série é curiosa, porque ela relembra imensamente um projeto do meu primeiro trabalho da vida. A sinopse é bem parecida: um fantasma assombra a livraria do bairro e começa a introduzir personagens fictícios no mundo real, quatro crianças se unem para solucionar um mistério empolgante. Era basicamente a mesma coisa, apenas na história que criamos, os personagens surgiam a partir de seus próprios livros, depois que os adolescentes abriam um livro mágico que trazia a literatura clássica universal para o mundo real. Mas, o importante é que esta é uma série de fantasia, interessante para o publico jovem e que gera curiosidade ao mundo das letras, incentivando a leitura. É também uma versão de uma série homônima dos anos 90, com algumas dferenças de enredo. Uma grande opção para a turma mais nova.
- Youtube
Mensagem para você (1998) |
Mensagem para você (1998)
Kathleen Kelly (Meg Ryan) é dona de uma charmosa livraria em Nova York. Logo em frente surgirá em breve uma megastore, como uma loja física da Amazon. Seu dono é Joe Fox, obviamente interpretado por Tom Hanks - anos 90. Amo todos os filmes da dupla: comédias românticas clichês deliciosas com grandes diálogos - tudo melhor do que sessão da tarde, nada digno de festival. Com a chegada da internet discada - sim, ouvimos o barulhinho da conexão - o par se conhece anonimamente em um chat online. Kathleen tem uma história familiar com sua livraria, os livros que vende, as histórias que lê para as crianças na loja. Joe está interessado na indústria, mas tudo ali é compreensível. O filme é uma delícia, é atravessado por citações de livros - o livro favorito dela é Orgulho e Preconceito (claro) - capas, conversas sobre o assunto. Chega deu saudade.
O texto é de Stephen King, uma de suas melhores histórias. O filme, de Stanley Kubrick. O ator protagonista é Jack Nicholson. Só essas informações seriam suficientes, mas vamos unir tudo aqui. Jack Nicholson é Jack Torrance um aspirante a escritor com um livro em desenvolvimento. Para ajudar a pagar as contas de casa, ele e a família vão passar o inverno isolados em um hotel, cuidando para que nada aconteça ao empreendimento, fazendo manutenção básica. Jack aproveita o tempo livre em isolamento em um grande espaço para escrever. Sua mulher dividiria as tarefas e Danny, o filho ainda criança, também teria comodos imensos para brincar. Claro que vai dar ruim, mas maravilhosamente filmado por Kubrick que captou a ideia e talvez até, abrilhantou ainda mais a construção de King. Nicholson mereceria um Oscar, para dizer mínimo.
A Esposa (2017)
Joe Castleman (Jonathan Pryce) vai a Estocolmo receber o Nobel de Literatura. Sua mulher, Joan (Glenn Close), que esteve com ele durante quase toda a vida, apagou a própria carreira e o acompanha em seu maior momento de glória. A questão é que Joan tem um papel fundamental, para dizer o mínimo, na trajetória literária do marido e ele encontra dificuldades, em meio à vaidade e soberba, em reconhecer os sacrifícios da esposa publicamente. Ao mesmo tempo, ela questiona sua vida, se a relação com o marido valeu a pena ao longo dos anos. O resto é um filme tenso, de tirar o fôlego e com uma atuação brilhante de Glenn Close.