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Café: extra-forte

Na primeira crítica do ano, vamos com um assunto que parece batido e velho, mas que está todos os dias diante de nós: a humilhação pública. Conhecida como cultura do cancelamento, o tema do documentário 15 minutes of shame da HboMax, tem tudo a ver com o nosso cotidiano, com empatia, ignorância e respeito. Produzido por quem sabe muito sobre o assunto, Monica Lewinski.

15 minutes of shame, hbo max
O diretor Max Joseph e sua produtora, Monica Lewinski

Quando vivemos um período de crise, de forma geral, somos tomados por emoções e acabamos tomando decisões precipitadas. Parte delas são julgamentos sobre pessoas e fatos com base nas informações que recebemos em qualquer meio: julgamos por uma decisão errada, uma frase equivocada, uma ação precipitada, uma foto – como as que nós mesmos podemos tomar ou produzir a qualquer momento. O que nos diferencia de quem comete o erro? A fama, o dinheiro? Às vezes, quase nada, apenas a sorte de não estarmos sob os holofotes.

O documentário traz uma premissa que vale o filme inteiro: a ideia de que não sabemos a história de cada um e julgamos pelo que achamos ser verdade, baseado em nossos parâmetros subjetivos e no que a mídia diz, o que quase nunca significa a mesma coisa.

Além disso, o filme traz um panorama histórico e explicativo sobre a cultura do cancelamento com exemplos em todo o mundo. Comprovamos que o que vivemos é a repetição de um comportamento social antigo e, nem por isso, correto. Os ditames morais de cada período reforçam a prática e, em 2022, os apedrejamentos e banimentos continuam como os de séculos atrás, literal, metafórica e virtualmente. A evolução do desfile da vergonha em praça pública se tornou a fofoca de tabloides com os papparazzis atrás de novidades perniciosas sobre famosos décadas atrás. Hoje, com as tecnologias disponíveis, estes famosos são qualquer um: influencers, tiktokers, instagrammers, youtubers, subcelebridades, BBBs, podcasters, quando não um cidadão comum flagrado em uma situação delicada.

15 minutes of shame, hbo max
Na tradução: 15 minutos de vergonha

Fico me perguntando se o sucesso dos reality shows também não se trata disso, do nosso desejo em julgar o outro e ter ali um programa de TV “realista” que oferece esta possibilidade com pessoas interpretando a si mesmas. Lembremos dos atores de novelas que personificavam heróis e vilões e eram abordados na vida real, recebendo elogios e degradações públicas por uma obra ficcional. Hoje, a ficção não é suficiente. Os realities substituíram a fantasia se fantasiando, eles mesmos, de verdade. Sentados nos sofás das nossas salas de estar, somos os juízes detentores da moral e bons costumes do mundo e distinguimos os dignos de nosso apreço dos que merecem a execração pública. O que não podemos esquecer é: tudo isso é planejado. A humilhação e o banimento dos séculos XX e XXI são uma forma de fazer dinheiro pautada na opinião pública, conduzida através da apresentação de seus personagens e histórias na TV e nos algoritmos online. Nada é por acaso.

No filme, escutamos os especialistas de diversas áreas que trazem reflexões e aprofundam o tema, como a neurocientista que conta como nosso cérebro percebe um indivíduo, indicando que para isso, não basta ter conhecimento sobre ele, é preciso perceber suas emoções e ver seu rosto, conhecer suas expressões. Em tempos de internet, isso se torna supérfluo, especialmente no twitter, o que dá mais poder e menos inteligência às nossas verborragias sobre alguém que, em nosso subconsciente, sequer é entendido como humano. Outra pesquisadora traz a informação de que nosso cérebro libera dopamina ao descobrirmos que um malfeitor foi condenado por seus atos. Partindo disso, fica fácil relembrar tanto a força justa dos movimentos sociais que explodiram na internet da última década em busca de justiça, quanto quando achamos que um indivíduo fez algo errado e foi condenado em nossa praça pública virtual. É a mesma satisfação, mas não pelas mesmas razões. É Tiffany Watt Smith quem estuda o assunto e vai além, falando sobre o prazer que sentimos sobre, com o perdão da palavra, a desgraça alheia.

O filme é interessante e, mesmo tentando abarcar todas as possibilidades de vergonha pública sem necessidade, segue bem, nos fazendo pensar em nossos comportamentos, reações online e no mundo real, e em como somos manipulados todos os dias. É um filme que conversa bastante com O Dilema das Redes e Cidadão Quatro. Produções importantes para pensarmos no conteúdo que produzimos, na atenção que damos ao que nos chega online, em como somos vigiados, no que consumimos virtualmente e como isso nos afeta, nos faz construir linhas de pensamento que se retroalimentam, muitas vezes, alheios à nossa consciência. Somos inundados por uma gama de informações programadas com o objetivo de consolidar opiniões e promover engajamento, gerando lucro para quem as produz. Neste jogo, só nos resta sangue frio e um olhar mais atento ao que nos chega, com o cuidado de promover um engajamento pautado no cuidado e respeito ao outro além, claro, da veracidade do que absorvemos e propagamos. Saímos do documentário com uma reflexão sobre quem somos nestes tempos de manipulação cibernética de forma leve, atenta e com exemplos claros de pessoas que, possivelmente, nós também julgamos quando suas histórias foram à público. Estes são os pouco mais de 15 minutos de vergonha que valem o ingresso.

***

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A família Richthofen (da ficção)

Partindo de um crime que abalou o Brasil, a Amazon Prime Video aposta em um lançamento nacional duplo: A menina que matou os pais e O menino que matou meus pais, dois pontos de vista da mesma história, nenhum deles verdadeiro. 

Tratar de verdade em uma narrativa ficcional é um tema polêmico. Tratar da verdade em 2021, não apenas abarca o mesmo adjetivo, como o torna controverso. A verdade anda cara em nossos dias. As fake news não são a novidade do século, mas tornaram-se mais perniciosas, preocupantes e moldaram muito do comportamento, política e economia de grandes nações nos últimos anos. O assunto é tão sério, que há novos estudos sobre o tema, também por força do avanço das redes sociais e seus impactos nos mais jovens.


Filme A menina que matou os pais, Amazon Prime Video

No Brasil, estamos familiarizados com a desinformação. Dentro da casa de cada brasileiro há uma ou mais pessoas que ouvem apenas um lado da história e acreditam que é esta a verdade dos fatos. Muitas vezes, sem sequer conhecer os fatos. Muitas vezes, sequer sabem se os fatos realmente os são. Em uma trajetória de informações distorcidas e falsas, sobre muito do que nos cerca, somos encaminhados através dos algoritmos por uma narrativa que vai se firmando e se pretendendo real. Em estudos de comunicação se dizia que se virou notícia, é real. Com tantos mecanismos de propagação de ideias e histórias, com a pseudo democracia da informação na internet, como fica essa afirmativa nos dias de hoje?

Suzane von Richthofen e Daniel Cravinhos
cartaz dos dois filmes sobre o caso Richthofen

O menino que matou meus pais e A menina que matou os pais se encaixam perfeitamente neste momento. Os filmes abrem com a informação de que são uma narrativa ficcional baseada em fatos reais, em especial, nos depoimentos dos principais assassinos, Daniel Cravinhos e Suzane Von Richthofen. Com essa premissa, é preciso estar atento e forte: nada do que for contado ali é, realmente, digno de crédito.

Como Elize Matsunaga, o caso Eloá, Eliza Samudio, o Maníaco do Parque e Daniela Perez, este é mais um caso que tomou o país. Suzane e Daniel planejaram e assassinaram os pais dela enquanto dormiam em sua casa. A intenção era viver sem eles, aproveitando a boa situação econômica da família. Quando chegamos aos depoimentos e investigações da época, o que sabemos é deste jogo de culpa, quando o casal rompe em uma troca de acusações. De vítimas, ficaram os pais mortos e o irmão de Suzane, Andreas, que carrega um passado e presente trágicos.

Imagens dos filmes A menina que matou os pais e O menino que matou meus pais
Allan Souza Lima (Cristian Cravinhos), Carla Diaz (Suzane von Richthofen) e Leonardo Bittencourt (Daniel Cravinhos)

Entretanto, a curiosidade sobre grandes crimes é parte do que nos torna humanos. Talvez menos pela morbidez dos atos, mas por uma busca de compreensão, de entender se há alguma justiça nos crimes cometidos ou se é, apenas maldade, perversão, violência gratuita. Neste percurso, de nada os filmes nos servem. Juntos, eles são um jogo narrativo de inversão de papeis a partir do discurso dos depoimentos dos réus. Os vilões, responsáveis pelo crime, se alternam nos filmes e é apenas isso o que vemos.

Talvez o que mais decepcione seja justamente isso: os autores decidiram não contar as histórias que desejávamos tanto conhecer. Esta escolha de jogo de cena seria interessante como uma alternativa, algo como o que vemos em Corra Lola, Corra (Tom Tykwer, 1998). Ali, em um único filme de ficção, há diferentes pontos de vista para uma mesma história, nos dando um panorama mais completo do que estamos a conhecer. Nesta obra escrita por Raphael Montes e Ilana Casoy, e dirigida por Maurício Eça, deixamos escapar a veracidade dos fatos, a única coisa que realmente importa em uma história de crime verdadeiro. Em tempo: é importante ressaltar o respeito pelas escolhas da produção. Só é uma pena que se perca a oportunidade de abordar o entorno do crime, os julgamentos de fato, as histórias um pouco mais próximas da realidade.

Suzane von Richthofen e Daniel Cravinhos
Daniel Cravinhos e Suzane Von Richthofen

Ao sair dos filmes, ficamos com as mesmas questões com que entramos: o que de fato aconteceu? Por que aconteceu? O que fez com que eles saíssem de vítimas colaterais a suspeitos e então condenados pelos crimes? Por que não sabemos nada sobre as investigações? O que aconteceu a Andreas? Ao colocarem as famílias de classe média e classe alta em oposição, a única coisa que sabemos é sobre a polarização de velhas ideias e preconceitos, punindo não apenas os criminosos, mas suas classes e dando a entender que o interesse motivador do crime não partiu apenas de Daniel - no caso de O menino que matou meus pais - mas de toda sua família. Na versão que se quer oposta, se diz: a pobre menina rica não aguentou a pressão preconceituosa de seus familiares e, por não ligar para dinheiro (apenas porque o tinha em profusão), arquitetou sua solução final com o extermínio dos pais para viver melhor.

Talvez, de positivo, saiamos com a percepção de que ainda não encontramos uma boa forma de contar esta história, abrindo margem para novas produções, já que ainda há muito o que conhecer e encontramos um público ávido e receptivo à produção nacional. Com tantos streamings investindo em conteúdo brasileiro, esperamos o aquecimento do mercado audiovisual como uma nova retomada de produções no pós-pandemia, esta última que promete acabar ano que vem. Se isso tudo for verdade.

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O que você achou dos filmes? Vamos conversar! No buy me a coffee você me ajuda a manter este espaço sempre ativo com o valor de um cafezinho :)

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A HBO Max chega ao Brasil com uma safra de produções de curadoria e produção características. A bola da vez, talvez não tão recente para quem tem acesso ao canal por assinatura, é Shrill, uma série de comédia dramática sobre Annie, uma colunista de vinte e tantos anos de uma publicação millennial digital, a revista The Weekly Thorn. Ela precisa mudar de vida, sem mudar de figura.

Shrill, HBOMax
Aidy Bryant como Annie Easton em Shrill

Annie Easton é gorda. Desde pequena, sua família enfrentou com ela uma cruzada em busca de um corpo mais magro, como sinônimo de saúde, beleza e sucesso em relacionamentos futuros. Nesta saga honesta de pais ansiosos e filhos sofridos, restam os traumas e, com sorte, seus momentos de superação. Superar o padrão de beleza, superar os preconceitos, superar os olhares, se defender sem criar barreiras, tudo é muito difícil, mas, queremos acreditar que as coisas estão melhorando. E estão mesmo, a resposta está nessa série.

Shrill é, em português, aquele som agudo, quase como um grito que rasga tudo quando chega ao nossos ouvidos, de tão estridente. A série promove esse grito, mas com uma suavidade e sofisticação sensacionais. Criada pela protagonista, a atriz e roteirista Aidy Bryant, por Alexandra Rushfield e pela autora do livro em que foi adaptada a história, Lindy West, ficamos hipnotizados por essa mulher de olhar tranquilo, que equilibra com perfeição a meiguice e a acidez, a simpatia e a inteligência. Difícil é não se apaixonar.

A série é sensível, engraçada de uma forma inteligente e com bons personagens. A curiosidade recai na transformação de Annie Easton, a colunista de uma revista da geração millennial que fala sobre consumo, estilo de vida e cultura. Aqui, encontraremos temas mais do que relevantes à sociedade, como o questionamento sobre o estabelecimento da associação entre beleza e magreza, a relação entre saúde e peso, relacionamentos amorosos, respeito a si próprio, autoestima, amizades e valorização de quem se é. É uma delícia de assistir e vale para todo o público adulto, com diversidade e entretenimento garantidos. É uma pérola no streaming.

A HBO Max chega em bom momento ao país, com preços competitivos especialmente nesta semana, em que a Netflix aumentou o valor de sua assinatura. É o momento de dividir a conta com os amigos ou alternar o cardápio do entretenimento. 

Agora, temos grande oferta de produções nesta linha de comportamento que valem ser vistas, guardando seu contexto de produção e momento, nos tirando das figurinhas repetidas de outros meios. Segue uma lista para quem gosta do assunto: 
  • Insecure;
  • Girls;
  • Love Life;
  • I may destroy you;
  • Sex and the city.
Pegue sua pipoca, se prepare e cuidado para não viciar. Com o alívio da pandemia entre nós, já dá pra começar a alternar a vida caseira com algumas voltas na rua. De máscara e mantendo o isolamento, claro. :)

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Este é o segundo dia das mães que passamos na pandemia. Alguns não têm acesso direto às suas mães por conta do isolamento e lhes resta, com isso, uma ligação, um carinho enviado à distância e com muita saudade. Então, trago dicas, tentando ajudar nestes encontros, da forma que der.

dicas do que fazer, assistir, ler, no dia das mães. para você e sua mãe. dicas de como preparar um dia das mães incrível

Fiquei pensando em uma imagem que trouxesse um pouco as minhas ideias e comecei buscando famílias, fotos de mães, mas interrompi este fluxo, da mesma forma que não queria listar, ainda que perca um pouco do público, 10 filmes para ver com sua mãe. Se colocar no google, verá, provavelmente, uns 40 sites fazendo isso. Queria algo que nos aproximasse mais, que trouxesse um pouco de ternura, porque mãe é isso: amor incondicional e ternura.

Assim, encontrei flores. Acho que dar flores é um ato de ternura. É de amor e carinho, claro, mas a ternura acho que traz uma gentileza junto, ternura é ato, mais do que sentimento pra mim. Então, vamos lá. Pensei em formas que se traduzam nesta gentileza, no afago, no abraço que queremos dar em nossas mães, independentemente das circunstâncias. Querer é tudo o que temos. Segue a lista!


Envie uma carta

Quando eu morava no Rio, minha mãe me enviou umas duas ou três cartas. Era uma forma que ela havia encontrado para falar das coisas do coração. Eu sei, quase ninguém recebe cartas que não sejam contas ou propaganda e, por isso, acho que seria uma grande novidade. Também troquei cartas com uma amiga que mora na Europa e é uma experiência. Nos sentimos um pouco como os escritores dos séculos passados, trocando correspondências, aguardando e trabalhando a ansiedade do correio. É, aliás, uma forma saudável de lidar com este sentimento. Se puder, envie uma carta para sua mãe. Custa muito pouco e você pode expressar nas suas palavras o quanto ela é importante para você, pode contar uma história, uma piada, falar da vida. A carta íntima dá uma liberdade incrível, e receber uma, é delicioso. É a certeza de que aquela pessoa se interessa por nós. De repente, some à carta, umas pétalas de flor, imagina a surpresa dela ao abrir?


Envie uma cesta de café da manhã

Se estiver com um pouquinho de grana, não precisa muita, envie uma cesta de café da manhã. Eu amo cafés da manhã. Acho que é aquele momento em que o dia está começando e há uma promessa de coisa boa no ar. Imagine sua mãe acordando com a campainha e aquele carinho em forma de comidinhas especiais esperando por ela? Com sorte, alguém até acordou antes dela e deixou em cima da mesa aquele embrulho grande e cheio de quitutes. Com certeza, será memorável para todos. Eu acho uma delícia de presente, literalmente. 


Assistam a um filme juntos

Vou passar uma lista de filmes para ver no dias das mães, mas a ideia é ir além. Se você tiver a sorte de encontrar com sua mãe em segurança, se vocês estiverem no mesmo isolamento social, vale assistir  juntos, alguma coisa que ela vai gostar. Pode até ser sobre maternidade... minha mãe, particularmente, adora a temática. Se não puderem ver juntos, combinem de ver o mesmo filme à distância e depois se liguem. O que importa, no fim das contas, é a cumplicidade e compartilhar momentos, certo? Segue uma lista com filmes filmes e séries para ver no dia das mães:

filme um inverno em nova york (the kindness of strangers). dica para o dia das mães 2021.

Um inverno em Nova York

Um inverno em Nova York significa mais em seu título original: The kindness of strangers. A trama é sobre esta mãe que foge para Nova York com os filhos. Enquanto o marido abusivo é policial e procura por ela, ela segue no amparo de estranhos, por sorte e encontrando essa gentileza do título, o cuidado de pessoas que cruzam o seu caminho. É um drama bonito, com personagens complexos e que quase se desenrola rápido demais. Dá vontade de seguir acompanhando aqueles personagens por mais tempo. Na netflix.

Que horas ela volta?

O filme conta a história de Val (Regina Casé), uma empregada doméstica pernambucana que trabalha para uma família de classe alta em São Paulo. Há anos no serviço, Val mora onde trabalha, recebe a notícia de que sua filha Jéssica (Camila Márdila) irá à cidade prestar o vestibular e sua chegada rompe com o equilíbrio da casa. O filme promove um retrato fiel não apenas da classe alta, como um recorte amplificado das diferenças sociais e a delicada relação entre família, patrão e empregado. Para saber mais sobre porque ver este filme, clique aqui! No telecine play.

Fatma

Esta série recém-lançada traz muito para nós. A produção é turca e se passa em Istambul. Fatma é uma faxineira que busca desesperadamente por seu marido, desaparecido após sair da prisão. Ele cumpriu pena em lugar de outra pessoa e sua integridade é o que faz Fatma percorrer este purgatório para dizer a ele que seu filho morreu. Como faxineira, Fatma é invisível nos círculos que habita, como serviçal, passa despercebida nos lugares, o que acaba por se tornar uma vantagem, quando ela vem a cometer alguns crimes por raiva e vingança. Assisti a série toda de uma só vez, como não faço há muito tempo. Cada episódio constrói um degrau de conhecimento dela sobre seu marido, sua situação e quem são as pessoas que estão ao seu redor. Intrigante, excepcional e com grandes atuações. Na netflix.

Supermães (workin moms) é uma dica de série do que assistir no dia das mães.

Supermães

Esta série canadense sobre jovens mães traz um grupo de apoio de mães, em que cada uma precisa lidar com uma rotina atribulada entre família, trabalho, relacionamentos e individualidade. Humor ácido, grandes diálogos e muita vida real. Sendo ou não mãe, sendo ou não mulher, tem pra todo mundo. Catherine Reitman é Kate Foster a protagonista. Ela é também a criadora e roteirista, além de ser mãe, de forma que sabe do que está falando. Uma curiosidade bacana é que Philip Sternberg, o marido de Kate Foster é casado na vida real com Catherine. Não suficiente tudo o que a mulher faz, ela ainda foi ao Tedx Talks. Segue link com a palestra em português. Na netflix.

Kramer vs Kramer

Ano passado, em homenagem ao dia das mães, eu compartilhei a lista de filmes de minha mãe. Ali, há vários filmes que eu e ela (mais ainda) amamos. Um deles é Kramer vs Kramer que, sempre vi e sempre verei. Conto um pouco o porquê: Dustin Hoffman e Meryl Streep. Encontramos este casal em crise. Joanna Kramer decide sair de casa e deixa Ted Kramer com a tarefa de conciliar o trabalho, a vida doméstica e a educação do filho ainda criança. O filme joga com essa relação homem x mulher, poderes e deveres, relações machistas e readaptação. É muito mais complexo do que um drama de divórcio e muito mais interessante também. É um dos melhores filmes feitos e é muito despretensioso, o que o torna mais especial. E convenhamos: Meryl Streep e Dustin Hoffman juntos não poderiam fazer um filme ruim. Levou os principais prêmios do Oscar de 1980 e está no google play e na apple tv.


Um livro para o dia das mães

Eu mesma me coloquei nessa enrascada... um livro apenas... vou trazer então dois, para equilibrar nos pesos, sentimentos e diferenças. O primeiro é o que li no início deste ano.

um defeito de cor e o amor é fogo. duas dicas de livros para o dia das mães.

Um defeito de cor, de Ana Maria Gonçalves
Aqui, temos a saga de uma criança que sai da África para ser adulta, mulher e viver no Brasil. Em Salvador. Isso no que poderia ser o fim da escravidão mas era, ainda, o início dos movimentos abolicionistas. O livro é uma saga. É para ler com calma, é extenso. No meu caso, funcionou como uma série. Não senti dificuldade em maratonar suas mais de novecentas páginas e, mesmo parecendo um desafio quando comecei, li vorazmente. Dei uma olhada nos outros leitores blogueiros e, para a minha felicidade, tivemos impressões semelhantes. O livro é bem escrito, conta por uma perspectiva interessante a história de uma mulher que constrói sua vida com todas as adversidade possíveis. A pesquisa, com certeza, deve ter sido imensa, para dar conta dos detalhes culturais históricos entre os países. Dê para a sua mãe se ela tiver o hábito da leitura. Se não tiver, segue outra dica para ajudar a construí-lo:

O Amor é Fogo, de Nora Ephron

O livro virou o filme A difícil arte de amar. Novamente com Meryl Streep contracenando agora com Jack Nicholson, conta um período da vida da própria autora. Meio autobiográfico, meio romance, a narrativa é tão ou mais deliciosa do que o filme que a escritora roteiriza. O livro conta uma história agridoce sobre um casamento, do início ao que pode ser o seu fim, com uma intimidade de diálogos que impressiona. Nora é uma contadora nata e ela tem um humor peculiar, que nos faz rir como cúmplices de uma história nem sempre feliz. Com pouco menos de 200 páginas, dá pra ler numa sentada. Certamente sua mãe vai adorar.


Marque presença

A gente sabe que a vida não anda muito fácil. Se a sua mãe não estiver acessível para você, tenha certeza: ela está com saudades. Se um encontro físico não for possível, faça o que estiver a seu alcance: uma mensagem carinhosa, uma ligação, uma chamada de vídeo. Se puder, mande flores, um chocolatezinho ou alguma das opções que listei mais acima.

Se não puder, mande carinho, faça contato. Faça questão. Se a sua mãe for mãe mesmo, o que ela mais vai amar é o gesto. Pode ser um aceno da porta do prédio ou da casa. Pode ser um "só passei para dizer um oi de longe". O que importa é o ato. O carinho, a ternura. Tudo o que, com sorte, ela já fez e faz tanto por você.

***

Espero, de coração, ter inspirado um pouquinho a sua semana e que você consiga preparar alguma coisa legal para a sua mãe ou para as suas mães, se você tiver a sorte de ter mais de uma. Para me ajudar a manter este blog delicioso, dá uma passada no buy me a coffee! Cada cafezinho faz uma diferença danada e me estimula a seguir produzindo conteúdo para todos nós 💘

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Poderia ser apenas mais uma produção de crime e violência contra a mulher, como as que abundam nos streamings dos últimos anos, na ficção e no documentário. Entretanto, a série ultrapassa o 'estereótipo' e ganha o brilhantismo das grandes produções que a HBO traz de tempos em tempos. Necessário e intrigante.

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Cultura e tradição

Há uma tradição na noite de Natal na Islândia, em que as famílias se reúnem para trocar livros e contar histórias em torno das lareiras. O país é um dos maiores consumidores de livros e, em 2003, foi nomeado pela Unesco como a capital literária do mundo. Como se não bastasse, é um dos mais pacíficos também e, talvez por isso, tenham tanto interesse e curiosidade por histórias policiais e de horror.

Por outro lado, fora desta zona quase mágica de conforto, segurança e qualidade de vida, encontramos um volume expressivo de produções audiovisuais que retomam o tema da violência doméstica e das diversas violações e abusos sexuais no Brasil, nos Estados Unidos e na Inglaterra. Ao colher dados estatísticos destes países, encontramos oposição aos números da ilha do gelo e então entendemos que estas produções são, na verdade, alertas de um comportamento doentio, repetitivo e, infelizmente, cultural destas nações.

Dentre todas, uma série que se destaca por um conjunto de fatores é I may destroy you. Dirigida, escrita e protagonizada por Michaela Coel e lançada em 2020 pela HBO, a série de 12 episódios conta a história que a própria artista viveu, ao ser drogada e estuprada em um bar em Londres. A Inglaterra acumula dados vergonhosos deste tipo de violência, associados à ineficiência policial em resolver as denúncias. Por lá, 85 mil mulheres e 12 mil homens sofrem algum atentado sexual violento por ano.

i may destroy you - crítica
Michaela Coel e Marouane Zotti | I may destroy you

Por que assistir

Não apenas por ser um tema que nos marca e ameaça todos os dias - todas e todos nós conhecemos alguém que já viveu ou vive alguma experiência de relações abusivas, estupro, assédio ou atentado sexual violento, quando não somos nós as próprias vítimas - como por ser uma grande e sensível produção.

A construção da narrativa provoca corações e mentes mais conservadoras, as mesmas que lutamos para trazer alguma clareza com as afirmativas óbvias de que ela não teve culpa por ter bebido, por estar sozinha ou acompanhada, por estar com roupa curta, por sair à noite, por viver. A série nos estimula a pensar mais sem se impor didaticamente, especialmente quando traz uma personagem com múltiplas camadas, dando uma humanidade não apenas a ela, como a seus coadjuvantes. Os amigos de Arabella (Michaela Coel) ganham peso e trazem também histórias que ilustram com nuances o que é possível viver em torno do tema.

Eles são como nós, como ela. Vivem o dia a dia em uma grande cidade, pagam contas, trabalham, se relacionam e tentam se proteger. Nos tempos de redes sociais e paqueras através de aplicativos de relacionamentos, há uma zona cinzenta de intimidade e permissividade entre os corpos que pode ser amplamente debatida e que também aparece aqui, interligada com a insegurança que estes encontros com desconhecidos provocam.  

As diversas histórias por que vivem os personagens nos deixam atônitos e com o coração na mão, porque nos ganham na empatia, no reconhecimento e na solidariedade. Nos identificamos com muito do que acontece ali e nos vemos - e já vivemos - situações similares, que nos fazem repensar as nossas próprias relações de amor e amizade e histórias.

por que assistir I may destroy you
Michaela Coel e Weruche Opia | I may destroy you

Estupro e permissividade

Há quem ache que se precisa explicar e justificar sobre o tema. O estupro, como sabemos, é um crime de vergonha não por quem comete, mas por quem sofre. Instituiu-se uma ideia na História do Mundo de que - especialmente tratando-se de mulheres - elas têm sempre a culpa por terem sofrido algum atentado ou terem sido estupradas. O dito é tão comum que sai arrastado com cansaço pela digitação no teclado, como se isso fosse mais óbvio do que o resultado de 2 + 2.

O que é preciso expor sempre e repetidas vezes é que não há permissão de nenhum tipo quando há estupro. É como uma antítese, são conceitos que se excluem, habitam o mundo da alteridade se aparecem juntos. Como os pólos de repulsa dos ímãs. 

I may destroy you desenha isso com uma sofisticação que quase nos tira lágrimas - não pelos crimes, mas pela forma plena e bonita ao tratar do tema. São diversos os mecanismos de violência, são muitas as sutilezas e brutalidades e por isso a necessidade de proteção. Por um gesto de descuido, como não levar a amiga para a casa, algo se perde no caminho. E a série traz isso e outros grandes momentos que não culpabilizam ninguém além dos agressores - como deve ser - e até lhes garante alguma humanidade, onde isso é possível. É um risco acertado, se pensarmos que a monstruosidade pode habitar em todos nós em alguma medida.

Crítica de I may destroy you, nova série da HBO
Paapa Essiedu | I may destroy you

Beleza no caos

Para além das variadas condições da violência expostas de tal forma a dirimir as dúvidas de como ela se manifesta, a série traz um panorama vivo do hoje, quando se fala em cultura urbana e comportamento.

A seleção do elenco foi excepcional. Da maioria negra, voltamos, como em Insecure (também lançada pela HBO), a trazer qualidade na diversidade, dando voz e vez a quem é de direito, com as questões de cor e gênero. A tecnologia permeia os assuntos, assim como o comportamento nas redes sociais, do uso excessivo ao útil. O ganhar a vida também. O início das carreiras, o reconhecimento e a busca por um lugar ao sol, vencendo preconceitos e estereótipos ou aprendendo a conviver com eles sem reforçar ou renegar as próprias origens. 

Ainda, há os desafios em se relacionar sob o signo do hibridismo e da fluidez que dita as regras da década. A intimidade - construção que requer tempo para firmar o alicerce que é conhecer o outro - perde espaço para o imediatismo, evoluindo de uma catarse eventual, como o Carnaval, para o querer muito todos os dias, recebendo quase nada em retorno, como um vício que corrói seu usuário. O vazio se vê no olhar de Kwane (Paapa Essiedu), um dos - grandes - atores da série, que se encontra com outros corpos, retornando sempre com a espera de uma nova aventura, ocupando o espaço de algo mais consistente que levaria outro tempo para germinar.

I may destroy you não força o tom, mesmo com o peso do tema. É preciso ter atenção com os possíveis gatilhos, entretanto. Quem viveu ou vive situações como a de Michaela e seus amigos (quase todos nós, arrisco dizer, em maior ou menor escala) e tem isso ainda cicatrizando, precisa tomar cuidado. A série dá a tônica de seus temas com a velocidade do cotidiano do adulto entre os vinte e muitos e trinta e poucos anos em qualquer cidade grande ocidental. Entre os dribles para escapar das violências e o gosto agridoce do crescer, vale aproveitar as cores de uma fotografia que ressalta os tons, como uma música que emociona, entristece e até enraivece, mas que não queremos que pare de tocar. 

Enquanto não vivemos a vida pacífica dos crimes de ficção literária da Islândia, seguiremos com produções como esta, que trazem histórias reais e atuais, estimulam o debate e alertam para os infelizes perigos que nos rodeiam, dentro e fora de casa. Neste caso, sem esquecer o entretenimento e a grandiosidade de uma produção exemplar. Que rode o mundo. 
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A primavera começa oficialmente hoje, dia 22 de setembro. Para comemorar a estação mais bonita do ano, segue 12 dicas de filmes e séries, experiências de viagens, livros imperdíveis para ler em 2020 e coisas para fazer em casa, para fazer jus a este blog delicioso.


dicas-filmes-series-viagens

Esta é a minha estação favorita da vida. O que acontece na primavera é o desabrochar da vida como um todo, as flores e folhas ressurgem com a força da renovação, como se o ano começasse agora, com mais luz, dias um pouquinho mais longos, as brisas começando a amornar. Há um brilho diferente e um ar de coisa boa, de vontade de passear, de viver novas experiências e de reencontrar os amigos. A lista que vem aqui é em busca deste momento, entre os livros, filmes e séries imperdíveis para ler e assistir em 2020; lugares para conhecer e, estando em casa, algumas dicas para garantir uma temporada agradável.


Livros

O que você não pode deixar de ler em 2020

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Livros para ler nesta primavera

Orgulho e Preconceito, Jane Austen. 

Indiquei outro dia, o filme Orgulho e Preconceito (2005), de Joe Wright no instagram do Café. O filme é magnífico, um romance bem construído para o cinema, baseado no livro homônimo de Jane Austen, um dos melhores que já li. Em Jane, o romance é mais aprofundado e a sua escrita é um pouco mais mordaz do que aparenta no filme. É como se Lizzie falasse pela autora, que também não acreditava em um casamento sem amor - e isso no século dezenove da Inglaterra rural. O texto ultrapassa a 'literatura de gênero' e é uma das obras mais importantes daquele país, além de ser uma delícia de ler. Leia o livro antes de ver o filme, se possível.


O Conto de Aia, Margaret Atwood.

Só agora atentei que minha seleção contempla livros que se tornaram filmes ou séries, mas não foi intencional. Li O Conto de Aia antes de saber da produção da série do Hulu e de toda a sua construção narrativa, de forma que construí em mim as imagens destas aias em uma distopia cruel e realista demais para chamarmos de ficção. As aias deste conto (que é um romance) são as mulheres utulizadas como reprodutoras em uma sociedade que se converteu a um absolutismo religioso cercado de ignorância e medo - termos que costumam andar juntos. Entre a revolta dos que parecem mais esclarecidos e um jogo de poder político e social opressor, o livro é violento, mas fundamental. A série traz a 'materialização' da obra escrita, trazendo ao grande público uma história importante, ainda que fictícia. De narrativa fácil e empolgante, oscilamos entre a dor das cenas de sofrimento das mulheres em nossas mentes e de suas revoluções, que nos instigam a continuar. Leia o livro e veja a série. Cenas fortes.


Órfãos do Eldorado, Milton Hatoum.

Vamos chegar um pouco mais perto da Amazônia em uma história nacional contada com maestria por um grande autor. É o livro mais curto dos três e traz um misticismo de uma região que nós, mesmo brasileiros, conhecemos pouco. Uma história de retorno à terra natal, reencontro familiar e histórias intricadas e obscuras, que nos deixam sem respirar até o fim. Escrevi sobre o livro e o filme de Guilherme Coelho, com Dira Paes e Daniel de Oliveira depois de ter conversado com o diretor. A crítica segue aqui e vale o investimento. 


Viagens

Três experiências imperdíveis em cidades maravilhosas para este ano

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Experiências para a Primavera de 2020 | Budapeste

Orla do rio Danúbio, Budapeste

Alguns anos atrás fui à Europa com uma grande amiga. Escolhemos uma parte do leste do continente e desembarcamos em Budapeste. Essa cidade tomou meu coração e todas as outras por que passamos - Praga, Leipzig, Dresden, Berlim, Bratislava, Viena - pareceram menos importantes, mesmo sendo incríveis. Budapeste tem um 'ar diferente', como se andássemos sobre as páginas de um romance histórico. Caminhamos pela orla do Rio Danúbio, esta que vocês veem na foto e até ali é tudo apaixonante. De um lado da cidade, Buda, histórica com monumentos que remontam à idade média e do outro, atravessando a ponte das correntes, Peste, onde se destaca o Parlamento e há uma aura mais moderna, do império austro-húngaro. Um passeio para inaugurar a nossa primavera é acompanhar o outono deles, o clima é agradável e ainda distante do inverno brutal. Andar pela orla de Peste, próximo ao Parlamento é ver parte da história do mundo, no que este povo tão resiliente passou (os judeus eram empurrados para o rio na ocupação da segunda guerra mundial) e como eles se reergueram depois de tantos conflitos. Um passeio ao ar livre em uma cidade linda e tão complexa, é tudo o que precisamos nessa primavera.


Parque Lage, Rio de Janeiro

Voltando ao Brasil, desembarquemos na cidade que morei por doze anos, o Rio de Janeiro. Além dos passeios obrigatórios de quem visita a cidade - Jardim Botânico, Corcovado e Cristo, Pão de Açúcar, Orla de Copacabana de dia e Lapa à noite - vale visitar o vizinho do Jardim Botânico, o Parque Lage. Antes um engenho de cana de açúcar, posterior casa de aristocratas, o Parque Lage é hoje um parque público, tombado como patrimônio histórico e cultural da cidade. Menor do que seu vizinho imponente, este espaço abriga ampla vegetação, aleias para passeios sob a sombra de árvores, uma respeitada Escola de Artes Visuais, uma cafeteria e é palco de eventos de toda ordem: festas fechadas e abertas ao público, eventos de cinema e feiras livres de artes, comidas e bebidas artesanais. Um dos melhores passeios que o Rio oferece, de graça e para todas as idades. Ar puro, natureza em plena primavera e arte acessível. Para que mais?


Praia de Jaguaribe, Salvador

Voltei à minha cidade maravilhosa em março e, com toda a mudança de vida e pandemia, estou prestes a retornar à minha praia do coração, Jaguaribe (as praias foram reabertas esta semana apenas, depois de mais de cinco meses de espera, cautela e coração apertado). Jaguaribe não é a praia mais famosa da cidade, nem é a que sai nos cartões postais ou é listada como passeio obrigatório. Entretanto é, para mim, a mais deliciosa. Sua faixa de areia é extensa, na maré baixa é tranquila e na alta, com atenção, é um dos melhores banhos de mar. Há algumas barracas de praia meio arranjadas 'do jeito que dá', mas que ainda assim, suprem com as bebidas básicas e água de coco. Perto delas, ainda se encontra baianas de acarajé, ambulantes que vendem o picolé capelinha - tradicional da cidade - queijo coalho e outras 'iguarias' de praia. Na extensão característica do litoral soteropolitano, há uma amplidão quase a perder de vista: de Jaguaribe é possível ver Itapuã de um lado e a Boca do Rio do outro. Praia tranquila para passar o dia, surfar, nadar ou apenas conversar com os amigos, aproveitando a brisa constante e interminável que vem do mar de águas não geladas. Esta semana ainda inauguro a primavera por lá.


Filmes e Séries

Filmes e séries imperdíveis para começar a primavera do jeito certo!

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filme Enola Holmes | Netflix

Enola Holmes, Harry Bradbeer (2020) - Telecine

Milly Bobby Brown retorna à Netflix depois de algumas temporadas como a Eleven, de Stranger Things, agora como a irmã de ninguém menos que Sherlock Holmes. Intrépida, ela segue em busca da mãe desaparecida (Helena Bonham Carter). Com trilha sonora de Hole (de Courtney Love, a viúva de Kurt Cobain, do Nirvana), o filme estreia dia 23 de setembro e promete ser uma aventura gostosa, com roteiro criativo e animado para ver em família, em casa. Um filme recente e fresco, como esse ar novo que chega em nossas casas. Na netflix.


Jules e Jim, François Truffaut (1962) - Telecine

Um dos grandes nomes da nouvelle vague, François Truffaut é desses diretores amados da minha vida e da de muita gente, na verdade. Em Jules e Jim, temos estes dois amigos apaixonados pela mesma mulher, Catherine. Os três formam uma amizade complexa e nós circulamos entre ela, por seus diálogos, conversas, encontros e desencontros. Amor e amizade se entrelaçam em uma história única e deliciosa que marcou uma época e todas as pessoas que assistem este filme. Imperdível, clássico e atemporal. No telecine. 


Goop Lab, Gwyneth Paltrow (2020) - Netflix

Primavera é tempo de renovação, repensar os hábitos e reforçar a saúde com a chegada do calor e dias mais amenos. Para entrar no clima, vale assistir ao Goop Lab, um seriado comandado por Gwyneth Paltrow, a atriz hollywoodiana dona da Goop, uma empresa / revista de estilo de vida e bem estar. Para dar qualidade de vida aos seus funcionários, ela os leva a embarcar em experiências alternativas de bem estar e manutenção da saúde. Cada episódio traz uma prática diferente como mergulhos em um lago super gelado, outros sobre o uso terapêutico de ayahuasca, outro sobre sexualidade feminina e por aí vai. Nada disso lhe dará a garantia absoluta de uma vida melhor, mas vale como reflexão, se pensarmos em adequar determinadas práticas em nosso dia a dia. Para ver tomando o café da manhã. Na netflix.


Em casa

Dos benefícios da internet, links que vão melhorar a sua vida

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Being Water | Yoga e autoconhecimento

Being Water | Resiliência, consciência, generosidade e yoga

Quem me conhece, sabe que não sou adepta do universo da auto-ajuda. Entendo a relevância de quem busca se aprimorar ou buscar, literalmente, ajuda, nesta bibliografia, mas meus caminhos para isso são outros. Por sorte, tenho grandes amigos e amigas que contribuem para este processo das mais diversas formas e uma delas é Fernanda, uma amiga de longa data e para sempre. Nanda é o equilíbrio entre o 8 e o 80: é executiva de alta eficiência e é praticante e instrutora de Yoga. Juntas, estamos desenvolvendo seu projeto de vida, o Being Water, um site sobre qualidade de vida, práticas na natureza e muito conteúdo relevante e interessante para quem tem um pé no concreto e outro na terra. O site dela está em inglês - ela mora fora do Brasil há muitos anos - então para quem não lê no idioma, é só apertar aquele 'traduzir essa página' que o google oferece. Os conteúdos são excepcionais. Acesse o site, estreia hoje!

Lá do Sítio | Refeições vegetarianas e consciência ambiental

Maria Gambardelli e Daniel Lira são amigos que o Rio de Janeiro me deu. Trabalhamos juntos no grupo Globo e sempre foi um sonho de Maria aproveitar o sítio da família para a causa em que acredita e vive. A sustentabilidade, a consciência ecológica e política se uniram na forma como ela já se alimentava e alimenta há anos - é vegana - e o sonho virou muito trabalho e realidade. Lá do Sítio é sua empresa que fornece refeições vegetarianas e veganas, muita coisa que vem, efetivamente, do sítio de sua família, um lugar impressionante não só pela beleza, mas pelo cuidado no trato das plantas e animais - os cachorros maravilhosos que completam essa família - e pelos conhecimentos de Maria e Daniel sobre seu trabalho e sobre o cultivo e colheita. No instagram do Lá do Sítio, se você mora no Rio de Janeiro ou em Miguel Pereira, é possível encomendar as refeições (este não é um post publicitário), que são deliciosas ou, apenas, aprender mais sobre uma forma de viver mais em comunhão com a natureza e aplicar um pouco no seu dia a dia. Maria e Daniel, suas refeições e seu sítio, são das coisas que mais sinto falta estando longe. Passa lá no Lá do Sítio.

Visualize Value | Grandes ideias bem desenhadas   

Não conheço o designer de Visualize Value, esse perfil do instagram que descobri outro dia. Com não sei quantos seguidores e seguindo apenas seu criador, Jack Butcher, este produtor de conteúdo tem muito a dizer e o faz de forma contundente. Entre a natureza consciente de Maria e as práticas e reflexões de Fernanda, vale acompanhar o VV para ganhar estas pílulas de provocações do pensar. É coisa muito bem feita, que desperta nossa curiosidade e nos tira da mesmice. Melhor forma de viver a nova estação não há. Em inglês, mas fácil de entender. Vale a visita.

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Gostaram da lista? Têm mais sugestões de ligares e links para usarmos de forma produtiva e estratégica a internet? Cheguem mais, comentem e compartilhem com os amigos estas dicas incríveis. E, para quem gosta de um Café e quer me ajudar a manter este funcionando, passa aqui!
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2020 tem sido um ano difícil. Desgoverno, desinformação, pandemia. A reclusão e o isolamento social compulsórios não colaboram para a nossa saúde mental e, neste setembro amarelo, o mês de prevenção ao suicídio, trago a lista definitiva (ou perto disso) com alguns filmes para pensarmos sobre o assunto.

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10 de setembro é o dia mundial de prevenção ao suicídio e desde 2015, o Brasil instituiu a campanha  Setembro Amarelo, nos fazendo pensar sobre saúde mental e os preconceitos em torno de suas doenças e tratamentos. Assim, talvez a estigmatização de transtornos que atingem grande parte da população tomem seu lugar de debate e deixem, de uma vez por todas, de ocupar o lugar esquecido e escondido das famílias.

No fim de agosto, listei 10 produções que irão mexer com sua mente, em homenagem ao dia do psicólogo. Agora, aproveito para trazer bons filmes que envolvem os assuntos de Depressão, Esquizofrenia, Transtorno de Personalidade Borderline (TPB), Transtorno Dissociativo de Identidade (TDI) e Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), que valem tanto como entretenimento quanto para reflexão.


Depressão

O que é a depressão: é um mal que atinge muita gente e costuma ser confundido com tristeza e luto. A depressão é um dos grandes fatores para o suicídio e há muitos filmes que tratam do assunto de forma inteligente e sensível, como um alerta às familias e amigos sobre aqueles que convivem com esta condição e estão ao nosso lado:

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As virgens suicidas (1999), Sofia Coppola
O filme trata de uma família grande, com cinco filhas. Uma delas tem depressão e tenta o suicídio, fazendo com que o resto da família, em uma tentativa de se proteger, se feche para a sociedade, trazendo ainda mais transtornos. Primeiro filme de Sofia Coppola, traz no elenco Kirsten Dunst, James Woods, Josh Hartnett, Danny DeVito e Kathleen Turner. No telecine e apple tv.

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Cake (2014), Daniel Barnz
Jennifer Anniston é Claire, que perde um filho em um acidente e vive sob um luto amargo e doído, refletindo em um sério problema de coluna e depressão. O filme se desenvolve e subverte aos poucos essa situação, graças a um novo acontecimento e a sua acompanhante / empregada doméstica Silvana (Adriana Barraza), que lhe sustenta além de suas capacidades. O filme conta com Anna Kendrick, Sam Worthington, Felicity Huffman e William H. Macy. Na amazon prime vídeo.

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Foi apenas um sonho (2008), Sam Mendes

Ambientado no início do século 20 sem crise americana, um casal onde parece que está tudo bem, convive de perto com a depressão. Em uma nova cidade, uma geração de mulheres submissas no velho conhecido espaço machista recebe este casal sedutor e inteligente que se apregoa diferente dos demais, ainda que viva a mesma realidade social. A insatisfação culmina num desmembramento da suposta relação perfeita e encontramos neles, a verdade que não queremos ouvir: o contentamento e a decepção. A crítica do filme está aqui, é só clicar. Com Kate Winslet e Leonardo diCaprio. No telecine, apple tv e google play.

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Por lugares incríveis (2020, Brett Haley)
Violet (Elle Fanning) e Theodore (Justice Smith) se conhecem na escola. O garoto é apaixonado por ela, que sofre entre os olhares de escrutinio e a depressão depois da perda da irmã em um acidente de carro. O filme é baseado no livro homônimo de John Green que sempre aposta em um drama trágico adolescente e costuma vender bem. Apesar de não ser uma obra imensa do cinema, é um filme leve, na medida do possível, que levanta alertas sobre depressão e como é difícil, às vezes, a percebermos, quando tudo parece bem. Na netflix.


Transtorno de Personalidade Borderline (TPB)

O que é transtorno de personalidade borderline? É uma condição que tem por característica marcante as alterações rápidas, intensas e abruptas de humor, podendo gerar riscos em quem convive com a doença - uma espécie de versão aguda do transtorno bipolar (falando muito genericamente). Fiquei intrigada em como é difícil encontrar - se é que existe - filmes sobre transtorno de personalidade borderline com homens afetados pela doença. O transtorno é, de fato, mais comum em mulheres e o assunto voltou à mídia recentemente (há um caso de borderline no programa da rede Record, A Fazenda, Raíssa Barbosa). Em todo caso, há bons filmes que ajudam a ilustrar a condição:

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Sete dias com Marilyn (2011), Simon Curtis
Sete dias com Marilyn trata de mostrar um pouco da vida de uma das maiores atrizes do cinema mundial, Marilyn Monroe. Viciada em barbitúricos, a atriz teve uma vida difícil e provavelmente foi isso que a levou tanto ao transtorno quanto aos remédios. Um filme sensível, com grande atuação de Michelle Williams e Eddie Redmayne. Você encontra a crítica do filme aqui. Na amazon prime video.

transtorno-borderline-filme
Margot e o casamento (2007), Noah Baumbach
Margot (Nicole Kidman) viaja para o casamento da irmã Pauline (Jennifer Jason Leigh) e todos passam juntos um fim de semana em casa. Segredos de família explodem junto com as alterações de humor em Margot e percebemos que ali há mais do que questões de intimidade, algo parece não funcionar bem. Do mesmo diretor de Enquanto somos Jovens e Frances Ha. No google play.

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Bem vindos ao meu mundo (2014), Shira Piven
Kristen Wiig tem essa pegada de fazer filmes de comédia que puxam para o cinema independente americano. Com um humor 'diferente', ela traz neste drama a história de Alice Klieg, que ganha na loteria e realiza o sonho de ter um programa de tv. O que ela não sabia era o que ia acontecer quando deixasse de tomar sua medicação. Com uma aura estranha, esse filme passa sentimentos conflitantes, mas Kristen está magnífica. Na netflix.

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Vicky Cristina Barcelona (2008), Woody Allen
Em 2008, Woody Allen nos trazia um filme rodado em Barcelona com um elenco estelar: Scarlet Johansson, Javier Bardem, Penelope Cruz e Rebeca Hall. Penelope é Maria Elena, a ex-mulher de Juan Antonio (Bardem), e é quem apresenta as drásticas alterações de humor que caracterizam o transtorno. É uma comédia inteligente e deliciosa, mas que leva a sério a questão e os cuidados necessários a estas pessoas. No google play e looke.


Esquizofrenia

Qual é o conceito de esquizofrenia? A esquizofrenia pode ser definida não como uma doença única, mas como um grupo de transtornos psiquiátricos conhecidos como transtornos psicóticos. A psicose, por sua vez, é definida com a presença no paciente de percepção de alucinações e alterações no juízo da realidade, os delírios. No cinema, a esquizofrenia é abordada em diversos filmes, e aqui há alguns interessantes:

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Uma mente brilhante (2001), Ron Howard

Filme que mostrou o talento de Russel Crowe, Uma mente brilhante trata da vida de John Forbes Nash, um matemático que definiu as bases da criptografia e sofria de esquizofrenia. Um gênio reconhecido mundialmente, é até hoje a única pessoa que ganhou o Nobel e o Abel (o Nobel da matemática) Assim, até a compreensão da doença, muito sofrimento e resiliência são vistos no filme que, por sinal, vale muito a pena. Na claro video, apple tv e google play.

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Spider - desafie sua mente (2002), David Cronenberg

David Cronenberg é um diretor cultuado no meio do cinema 'alternativo', o diretor do clássico A Mosca e do asqueroso Mistérios e Paixões (baratas enormes, impossível pra mim assistir, apesar de parecer interessante) tem ótimos filmes e Spider é um deles. A história de um homem diagnosticado com esquizofrenia que 'reencontra' sua versão infantil. Brilhante, com Ralph Fiennes como o protagonista Dennis Clieg.

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Cisne negro (2010), Darren Aronofsky

Nina (Natalie Portman) é uma bailarina obstinada e perfeccionista que se prepara obsessivamente para dançar o Lago dos Cisnes e se vê ameaçada pela nova integrante do corpo de dança, a sensual e espontânea Lily (Mila Kunis). O suspense e a transformação dos personagens – física e psicologicamente – são brilhantemente conduzidos por Darren Aronofsky, de Pi (1998) e Réquiem para um Sonho (2000). No telecine, apple tv, looke e google play.

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A cela (2000), Tarsem Singh
Esse é um filme que só lembrei agora, depois de pesquisar sobre o assunto. De 2000, traz Jennifer Lopez como a assistente social que vai literalmente entrar na cabeça de um esquizofrênico para ajudar o FBI a solucionar um crime. É isso mesmo o que você leu. Interessante e estranho - ou excêntrico talvez seja seu melhor adjetivo, bem executado e com imagens incríveis que retomam às infinitas possibilidades criativas da mente, vale o ingresso. Com Lopez, Vince Vaughn e Vincent D'Onofrio. Na hbo go.


Transtorno obsessivo compulsivo (TOC)

O que é TOC? Definido por seu título, o transtorno obsessivo compulsivo é considerado uma doença mental grave, crônica e duradoura. Está entre uma das maiores causas de incapacitação e acomete a muitas pessoas. As obsessões são pensamentos recorrentes e persistentes entendidos como intrusivos e indesejados. As compulsões, por outro lado, são comportamentos repetitivos que se manifestam em resposta às obsessões. No cinema, o transtorno é abordado sob diversas óticas e é mais comum em filmes de comédia, como os que seguem aqui:

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Toc Toc (2017), Vicente Villanueva
Quase o filme mais famoso sobre o assunto, Toc Toc é sucesso de público na netflix. O filme se passa em uma sala de espera de uma clínica psiquiátrica e todos os pacientes estão aguardando a sua vez. Assim, vemos uma gama de transtornos se manifestando de forma interessante, como uma versão aleatória de uma dinâmica de grupo. Leve e divertido, o filme espanhol é um ótimo programa para o fim de semana. Na netflix.

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Melhor é impossível (1998), James L. Brooks
Esse muita gente já conhece e ama. Jack Nicholson é Melvin, um homem que mora sozinho em um apartamento e tem TOC. Sua condição é extremamente limitante pelo número de regras e situações de controle de comportamento que se impõe. Ao mesmo tempo, a vida acontece lá fora e ele, eventualmente, é levado a participar dela. Com Helen Hunt, Greg Kinnear e Cuba Gooding Jr., é uma delícia de assistir, desses que dá vontade de revisitar sempre. Ah! E é comédia romântica... também. Na hbo go, google play e apple tv.

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Monk (2002), Andy Breckman
Pedindo licença para indicar uma série, só porque esta, além de ser ótima, é o exemplar mais óbvio de TOC para quem ainda tem dúvidas sobre as manifestações do transtorno. Tony Shalhoub é Monk, um detetive brilhante (como House, o médico da outra série), que desvenda os crimes de uma forma quase como Sherlock Holmes, com menos cenas de ação e mais de investigação e insights meio aleatórios. A série é super inteligente, de comédia, e traz este comportamento meticuloso e regrado que caracteriza o transtorno. Tem oito temporadas e está na amazon prime vídeo.

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O aviador (2004), Martin Scorsese

Não é meu filme preferido do diretor, sigo com meu favorito Taxi Driver, mas, ainda assim, não dá para dizer que é uma obra péssima. O Aviador conta a história de Howard Hughes (Leonardo diCaprio), o diretor de cinema de Hollywood dos anos 30 que decide construir um avião que fosse mais rápido e melhor do que os da PanAm, sua concorrente. Germofóbico, ao longo dos anos, essa 'mania' vira uma condição de saúde mental, que afeta drasticamente a vida e carreira do diretor. Com Cate Blanchet, Kate Beckinsale, Alec Baldwin, John C. Reilly, Jude Law, Ian Holm, Alan Alda e Gwen Stefani. Na hbo go, google play e looke.


Transtorno dissociativo de identidade (TDI)

O que significa transtorno dissociativo de identidade e quais são suas características? Este transtorno é uma condição psicológica grave, em que o comportamento, as memórias e a identidade são afetados. É literalmente um processo dissociativo, como uma separação, uma falta de conexão do indivíduo com sua identidade 'real'. Normalmente, costuma acometer pessoas que sofreram traumas sérios na infância e formam uma nova personalidade para agir em defesa daquela que foi vítima. Muitos filmes de suspense trazem o transtorno como foco, mas consegui alguma variedade aqui:

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Fragmentado (2016), M. Night Shyamalan

Talvez seja hoje o filme mais óbvio a falar de transtorno dissociativo de personalidade que existe. Fragmentado é um suspense que conta a história de Dennis, um homem que, em si, congrega 23 personalidades distintas, como pessoas diferentes habitando um mesmo corpo. Uma aula de atuação de James McAvoy, é um filme de confinamento e stress, mas que traz a doença mental para o plano principal da história. Do mesmo diretor de O Sexto Sentido e Corpo Fechado e que quase se estragou fazendo o filme Fim dos Tempos. Na apple tv, google play e looke.

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Clube da luta (1999), David Fincher
Clássico moderno do cinema americano e dirigido por David Fincher, Clube da Luta é um suspense psicológico com traços de comédia e ação, que nos deixa quase tontos com uma velocidade narrativa e criativa. Aqui, um burocrata (Edward Norton) conhece um Tyler Durden (Brad Pitt), um cara que produz sabonetes e juntos eles abrem um Clube da Luta, quase um espaço para romper os estresses do dia a dia, 'vivendo de verdade'. Há muito o que descobrir por trás dessa sinopse e é aí, no mistério, que está o tema da identidade. Baseado no livro de Chuck Palahniuk, conta ainda com Helena Bonham Carter e não vale a pena falar mais do que isso. Na amazon prime vídeo.

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As duas faces de um crime (1996), Gregory Hoblit
Martin (Richarg Gere) é um promotor vaidoso que está sempre sob os holofotes. Aaron (Edward Norton) é um rapaz de 19 anos acusado de assassinar um arcebispo a facadas. Martin decide pegar o caso e defender Aaron, que se diz inocente. Com o andar do filme, entendemos o título e as percepções e consequências de um julgamento de uma pessoa com transtorno dissociativo de personalidade. Intrigante, vale assistir o quanto antes. Na apple tv, google play e looke.

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Zelig (1983), Woody Allen
Filme pouco conhecido do público e de Woody Allen antes de toda a crise e denúncias em torno de si e da própria Mia Farrow com quem contracena aqui, este conta em forma de documentário a história de Zelig, um homem que nunca existiu na vida real. Leonardo Zelig tinha o dom de modificar sua aparência para agradar os outros, como uma espécie de homem-camaleão. Engraçado, com um roteiro brilhante, é como se fosse uma versão literal do transtorno dissociativo de identidade, desenhada para o filme.

* * *

Gostou da seleção? Lembra algum filme que não está na lista? Para continuarmos as conversar sobre filmes, livros, séries e assuntos relevantes do nosso dia a dia, vamos tomar um café? Siga próximo de seus familiares e amigos - se notar algum comportamento diferente do comum, converse, dê atenção. E se precisar de ajuda, não espere muito. O normal é não estar bem o tempo todo mesmo. Lembra de Divertidamente? Cuide-se e passa aqui toda semana, que sempre tem conteúdo bacana e fresco sobre cinema, viagens, livros e café. =)

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Tati Reuter Ferreira

Baiana, curadora de projetos audiovisuais, escritora e crítica de cinema. Vivo de café, livros, cinema, viagens e praia. E Pituca.


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