Para ler | O lugar, de Annie Ernaux
O prêmio Nobel de Literatura costuma me instigar a conhecer os autores ali consagrados. Alguns são historicamente conhecidos em nosso país, em sua grande maioria, homens. Minha curiosidade aumenta quando o prêmio é dado a uma mulher. Por um conceito ou preconceito, tendo a achar que as mulheres ganhadoras do Nobel de Literatura são ainda maiores do que os homens fotografados por ali, levando em conta que ultrapassaram o gênero que ocupa quase todo o cânone e historicamente por eles selecionado. De uma forma ou de outra, acabo de ler O Lugar, de Annie Ernaux, a vencedora do prêmio deste ano e é dessa descoberta que vamos falar.
"Busco a figura do meu pai na maneira como as pessoas se sentam e se entediam nas salas de espera, como falam com seus filhos, como se despedem umas das outras na plataforma da estação de trem."
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O lugar, de Annie Ernaux |
"Uma ideia fixa: “O que vão pensar da gente?” (os vizinhos, os clientes, todo mundo). A regra básica era sempre dar um jeito de escapar à crítica dos outros, sendo muito educado, não emitindo opiniões, ou vigiando o tempo todo o próprio temperamento, para não deixar escapar nada que pudesse ser julgado pelos outros."
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Annie Ernaux |
"Não pensava no fim do meu livro. Agora eu sei que ele se aproxima. O calor chegou no começo de junho. Só de respirar pela manhã, dá para saber que fará um dia bonito. Logo não terei mais nada para escrever. Queria adiar as últimas páginas, queria que elas pudessem estar sempre à minha frente. Mas não é possível voltar muito atrás, corrigir ou acrescentar coisas, e nem mesmo me perguntar onde estava a felicidade."
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