Do lado de cá: nova fase!
Mudança feita, móveis em casa, vida nova em Salvador por uns tempos, minha cidade de nascimento e da vida que havia deixado doze anos atrás para fazer uma pós-graduação de dois anos no Rio de Janeiro. Dos inesperados da vida, trago um pouco do que acontece agora, do lado de cá.
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vem que tem |
Na entrada do apartamento há um lembrete para quem passa por aqui. Em 2019, morava em Copacabana e vim a Salvador para o Natal e Ano Novo. Como sempre acontecia todos os anos, aproveitava que estava a passeio para passear. Era turista na minha própria cidade e já amava, como sigo amando, percorrer novos caminhos, conhecer ruas, casas, praias, atrações. Engana-se quem acha que tem sua cidade na palma da mão, há sempre uma novidade à espera ou aquela velha frase: 'ainda vou neste lugar'.
A Casa do Rio Vermelho, onde comprei a cerâmica que estampa o texto, foi casa de Jorge Amado e Zélia Gatai por muitos anos. Hoje, como as casas de Pablo Neruda no Chile ou de Frida Kahlo no México, virou museu, para visitarmos um pouco da morada destes escritores e artistas em seus quintais, cozinha, quartos. A casa é incrível, dá vontade de morar nela e tem muito deste casal especial - vale a visita, nem que seja para ficar à sombra das árvores do quintal, nos banquinhos - uma delícia.
Comprei a cerâmica com a certeza quase mística de que ela não iria ao Rio. Quando decidi por este apartamento, fiquei no meio do caminho mais uma vez, na ponte-aérea entre fincar os pés na minha cidade de origem e ver como reagiríamos - uma à outra - em uma nova convivência ou seguir na minha cidade de adulta, de trabalho, de novos amigos e das maravilhas que todo o mundo grita por aí - um tanto exageradamente. O mundo mudou, pandemia, tudo o que já sabemos neste cinco meses de ficar em casa e, como já contei antes aqui, também mudei e vim, de fato morar na Bahia. A cerâmica foi para a parede certificando que quem passa por minha porta é sempre boa gente e encontra aqui um caminho sossegado e gostoso.
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uma folhinha de cada vez |
Os móveis chegaram, a casa vai tomando a minha forma, estamos nos apaixonando e à espera da abertura lenta e gradual - sempre que penso na expressão, lembro da perestroika e glasnost - da cidade, o que já vem acontecendo. Os números da pandemia assustam, mas os avanços das vacinas dão um sopro de esperança a uma suposta normalidade futura. Enquanto isso, cultivo minhas plantinhas, busco trabalho e ativo este blog com prazer, cultura e informação.
Em meio à mudança, recebi muita coisa que estava guardada na casa dos meus pais e encontrei minhas agendas antigas, os diários da adolescência e dos vinte anos - reconheci uma Tati super firme e decidida, mas também melodramática e volta e meia apaixonada por algum mocinho - de Keanu Reeves aos garotos da escola. Tenho trazido algumas destas histórias por aqui, como um resgate íntimo de uma escrita crescente e divertida. E as calças jeans que não cabem mais e insistia que um dia entrariam em mim (da viagem de quando eu tinha 15 anos), finalmente doei - vida nova e de desapego!
Mês que vem eu volto aqui, para, com sorte, contar o maravilhoso dia que em que voltarei à praia, que segue fechada. Mal posso esperar.
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E você, como anda a vida por aí? Me conta?
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