A sessão de hoje foi, intuitivamente, de grandes
personagens. De loucos a heróis, de pobres famintos a narcotraficantes
megalomaníacos, tem um pouco de tudo e para todos os gostos. Fiquem à vontade e aproveitem este inverno da
forma certa: nas cobertas, com Café e grandes filmes!
O Garoto de Liverpool (2009, de Sam Taylor-Johnson) – 98 minutos |
Não precisa gostar dos Beatles ou
de John Lennon para ver esse filme sobre o início da carreira do cantor, quando
ainda era um garoto em Liverpool. É claro que, se gostando ou entendendo um
pouco da personalidade e relevância do protagonista para a cultura, vale
assistir. O filme traça sua trajetória do início do que viria a ser os Beatles, quando John (Aaron Taylor-Johnson) conhece Paul
McCartney (Thomas Brodie Sangster),
sua relação com a mãe até quase a vida adulta. Não será o melhor filme ainda
sobre o cantor por romantizar demais sua história, mas vale como
entretenimento. Com Kristin Scott Thomas
e Anne-Marie Duff.
Narcos (2015, de Carlo Bernard, Chris Brancato e Doug Miro) – 50min/eps |
À espera da segunda temporada da
série, dá tempo de aproveitar a primeira inteira, vendo Wagner Moura encarnar ninguém menos que Pablo Escobar. A série é baseada em fatos reais, na vida do maior
narcotraficante que a América Latina já viu sob a narração do agente do FBI, Steve
Murphy (Boyd Holbrook). Imperdível, garante personagens complexos e ficamos
naquele dilema existencial de nos apegarmos a uma figura tão controversa como o
‘herói’ colombiano. Ao mesmo tempo, a ascensão de Pablo é intercalada com
acontecimentos na política nacional e internacional, dando destaque ainda em
suas megalomanias e estratégias de controle de um sistema corrupto e violento. A
série alavancou a carreira internacional de Wagner, dando peso suficiente para
seu sotaque ser tanto criticado quanto defendido internacionalmente. Aguardando
ansiosamente a nova temporada em setembro.
Beleza Americana (1999, de Sam Mendes) – 122 minutos |
Sam Mendes tem uma trajetória cinematográfica de respeito. Estreou
na direção com Beleza Americana, seguindo por Estrada para perdição (2002) e vemos mais filmes de peso, em menor
escala de produção, como Foi apenas um sonho (2008) e Distantes nós vamos
(2009). Em parceria com Kevin Spacey, que continua até hoje, cujo último
trabalho foi a turnê de Ricardo III que
originou o documentário NOW – In the wingson a world stage (2014), vemos um protagonista em franca transformação e
ele é quem transforma o filme de bom para surpreendente. Não seria por menos,
dada a dimensão do ator. Em Beleza,
há uma ideia de normalidade da vida americana de subúrbio, da classe média alta
onde nada demais parece acontecer e todas as sujeiras são varridas sob tapetes. Olhando de perto, como é a proposta do trailer, há muito por trás
dessa aparência de cercas brancas e jardins simétricos. Kevin Spacey, Annete Benning, Thora Birch, Wes Bentley, Mena Suvari
são alguns dos nomes deste grande filme, de roteiro brilhante que marcou uma
geração. Levou 5 Oscars e outros 103 prêmios.
Louca obsessão (1990, de Rob Reiner) – 107 minutos |
Ainda entre os grandes
personagens, que parece ser a marca desta seleção, Louca Obsessão merece pelo
menos um grande prêmio, para Kathy Bates.
Ela é Annie Wilkes, uma aficionada pelos livros do escritor Paul Sheldon (James Caan) que o resgata de um
acidente de carro. Salvo pela sorte, acredita ele, mal sabe que por trás daquele
carinho e afeição, há uma obsessão doentia que lhe custará mais do que a rápida
hospedagem. Do livro de Stephen King
e dirigido por Rob Reiner (Harry e Sally, 1989), você ficará tenso
até o final. Um dos grandes filmes de suspense e terror sem precisar de alienígenas, casas
assombradas ou espíritos possuindo corpos e nos dando (incríveis) pesadelos.
Não é spoiler, mas tem uma cena em
particular, que lembrou muito o Anticristo (2009),
de Lars von Trier.
Os miseráveis (2012, de Tom Hooper) – 158 minutos |
Encerrando esta semana corrida de
grandes personagens, em Os Miseráveis, Anne
Hathaway marca sua curta atuação para sempre na história do cinema, com a
interpretação da música I dreamed a
dream. Este filme grandioso, musical clássico, no melhor sentido da
expressão, nos transporta para um mundo de revolução francesa visto de dentro,
com outras grandes atuações de Hugh
Jackman, Amanda Seyfried, Eddie Redmayne, Helena Bonham-Carter e outras menos brilhantes como a de Sacha Baron Cohen
e uma performance estranha de Russell
Crowe. Não só de atuações vive esta produção, mas de uma equipe técnica extraordinária, como a de som, captando as músicas cantadas em locação e não dubladas (como acontece em todos os musicais), garantindo com a facilidade tecnológica, uma qualidade superior e não
conhecida antes nos filmes do gênero. O diretor também é dos grandes, já tinha
nos dado O Discurso do Rei (2010) e
depois desse, A Garota Dinamarquesa (2015).
É lindo, e você vai se arrepiar.
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