Maravilhosidades da Netflix - Novidades Juninas!

by - junho 03, 2016

A Netflix dessa vez me surpreendeu. Na nova safra de filmes e séries, há mais Lars Von Trier, há filmes bem interessantes e alguns documentários muito bons, além dos animes de sempre e os filmes obscuros do pacote. Esta edição não poderia se chamar fortes emoções novamente, levando em conta nossos últimos acontecimentos e a tentativa constante de destruição dos brasileiros por parte do governo. O negócio está tão sério que a ameaça do Estado Islâmico passou batida por aqui. Em todo caso, a edição celebra muito bem a estrutura de poder com dois grandes e cultuados filmes, além de outros que tentarão nos tranquilizar, na ilusão maravilhosa da narrativa de ficção. Vamos a eles!!

Ninfomaníaca I e II (2013, de Lars Von Trier) – 117 min e 123 min.
Ninfomaníaca foi um filme polêmico, dividido em duas partes e aqui considero ambas. Lars Von Trier não é a melhor pessoa do mundo, é extremamente complicado e controverso e já deu declarações horrendas em sua vida. Ao mesmo tempo, é um grande artista, tem filmes com aquele status de arte que foge da redução que o ‘cult’ tenta construir. O filme não é sobre sexo, é sobre poder. E não é excitante, a menos que a apatia seja algo que te agrade. Nossa protagonista Joe (Charlotte Gainsbourg e Stacy Martin) conta sua história a Seligsman (Stellan Skarsgard), um homem que a resgata da rua, toda machucada e quase inconsciente. Ela foi deixada ali não se sabe porque e o homem que a resgata salva sua vida. É uma história pesada e com bastante sexo, mas do tipo que envolve doença, ela não é ninfomaníaca dos títulos baratos e acrobáticos dos filmes pornôs, ela é ninfomaníaca como diagnosticada com uma doença que a domina, que ultrapassa seus sentimentos e intelecto. O filme é grandioso, tem alguns momentos que poderiam ser feitos de outra forma e é longo, se considerarmos as duas partes. Foram lançados separadamente nos cinemas. Vale muito a pena, mas precisa de estômago. O final é a própria representação da sociedade e é tudo o que eu vou falar. Além dos já citados, encontraremos Uma Thurman, Willem Dafoe, Christian Slater e Shia LaBoeuf.

Sherlock (2010 -, de Mark Gattis e Steven Moffat) – 90 min
Para pararmos um pouco de pensar sobre todas as coisas que envolvem o filme acima e podem me convidar para todas as discussões sobre ele, segue uma série ótima da maravilhosa BBC para nós: Sherlock. Sim, é sobre deduções investigativas brilhantes, é sobre o cultuado e divertido Sherlock Holmes (Benedict Cumberbatch) e Dr. Watson (Martin Freeman). Os episódios são longos, duram 90 minutos, mas as temporadas são super curtas, de 3 episódios. A produção é imensa, porque a série ganha efeitos especiais, muitas locações e personagens, sendo ambientada nos tempos de hoje. O mais divertido é ver os personagens dialogando e Benedict e Martin fazem uma dupla incrível no que parece ser um quase adolescente (Sherlock) e seu fiel escudeiro mais maduro, mas que precisava de alguma ocupação depois de uma vida tensa no Afeganistão (Watson). A estratégia de ser um seriado curto, como as minisséries da Globo funciona bem, porque quando chegamos perto de cansar, a temporada acaba e precisamos saber o que vai acontecer depois. A série ganhou 73 prêmios além das 107 indicações, acho que vale, pelo menos, dar uma olhada.

Ferrugem e Osso (2012, de Jacques Audiard) – 120 min
Pense num filme bonito? Esse pode ser sobre uma história de amor, quase dá pra chamar de romance, embora não seja o foco do filme. É sobre duas pessoas que vivem dramas fortes e distintos e o superam juntos, em uma ligação muito mais profunda de amizade do que de amor. Stéphanie (Marion Cotillard) é uma treinadora de baleias Orca, daquelas de parques aquáticos. Alain van Versch (Matthias Schoenaerts) é um jovem pai de um garoto que não tem trabalho e precisa encontrar um de qualquer forma, a fim de poder dar alguma vida para seu filho. Os dois se conhecem em uma boate e dali não sai nada, mas ele a ajuda, lhe dando uma carona para casa. Vão se encontrar mais adiante e aí então saberemos mais. É de uma fotografia magnífica em seus contrastes, na aproximação dos personagens. É de uma edição brilhante nas cenas de luta e na construção da história e, para melhorar de vez, é econômica em palavras, do jeito que muitos filmes deveriam ser. É o tipo de filme que nos provoca a conhecer toda a filmografia do diretor e roteiristas, para continuar com estes sentimentos e construções narrativas. Ganhou um milhão de prêmios e vou rever. Ah! Lembra de Piaf que indiquei aqui outro dia? Pois, é ela a protagonista. O filme é belga e vale uma atenção para a cinematografia do país – os filmes tendem a ser impressionantes.

Tubarão (1975, de Steven Spielberg) – 124 min
Continuando a saga sobre filmes de poder que tal um em que a natureza se vira contra nós e nos ameaça? Tubarão é um clássico que todo mundo já viu, mas a trilha sonora permanece em nós para sempre e nos faz querer rever. Não é da safra nova da Netflix, mas é eterno. Spielberg nos traz um suspense aterrador sobre um tubarão que ameaça uma praia e a única solução que o homem encontra para ter paz e poder mergulhar novamente é matá-lo. Mas o tubarão não é bobo nem nada, então dá bastante trabalho e literalmente toca o terror onde aparece. A sinopse é simples assim mesmo, mas o filme é maravilhoso. É um dos marcos do cinema de terror, um dos marcos na carreira do diretor que todo mundo conhece. Tem seus momentos trash, mas de forma geral é até um filme sério, considerando seu gênero. Levou três Oscars, é um dos filmes mais cultuados de todos os tempos e em todo mundo, e carrega um elenco de peso: Roy Schieder, Robert Shaw e Richard Dreyfuss.

Grandes Momentos (2012, de Michael Mohan) – 97 min
Agora, como não poderia faltar, uma comédia romântica daquele tipo: boba, gostosa, não estúpida e do tipo que dá pra ver algumas vezes. Sarah (Lizzy Caplan) é a mocinha da livraria que namora Kevin (Geoffrey Arend). As coisas não estão muito bem quando ela conhece Jonathan (Mark Webber, que com esse filme me fez buscar todos os outros em que participou) e da mesma forma, nem tudo são flores. No meio disso, Beth (Alison Brie, a Trudy Campbell de Mad Men), sua irmã, está enlouquecida com os preparativos para o casamento com Andrew (Martin Starr) e tudo vira um novelo difícil de desatar. O filme é leve, despretensioso, mas com personagens bem construídos e diálogos simples e eficientes. Funciona muito bem em tudo e é um passatempo delicioso.

Bonus track!!
Perdidos na Noite (1969, de John Schlesinger) – 113 min
Esse filme não sai da minha cabeça. Demorei muito para assisti-lo, mesmo com todas as suas credenciais e o resultado foi surpreendente, de fato. Vou escrever propriamente sobre ele, mas acho que se encaixa nesta lista, já que pode ser sobre amizade, sobre redenção e poder. Joe Buck (Jon Voight) é um texano que decide encontrar uma vida melhor em Nova York. Ele acha que por ser bonito e atraente vai conquistar as mulheres da cidade grande com botas de cowboy e um eterno bronzeado. De cara, claro, as coisas não funcionam assim, toda grande cidade sabe ser cruel com os ingênuos. De alguma forma, ele cruza com Ratso (Dustin Hoffman) e pode se dizer que se tornam amigos. Os dois, miseráveis e sem trabalho, seguem tentando se dar bem e enfrentando as consequências de muita pobreza e ideias românticas demais sobre ganhar a vida, para dizer o mínimo. Os dois atores, hoje já grandes nomes da cinematografia americana, aqui estão soberbos. A trilha sonora é de uma nostalgia gritante, da mesma forma que para nós é ver a Nova York de mais de 40 anos atrás com um viés urbano de sombras, sujeira, vida real. O filme é tão bem construído que trechos dele soam com documentais, tamanha composição realista daquela rotina e narrativa. É impressionante e perfeito. Até o fim. Veja com calma, se deixe levar pela história, não ache que é um filme comercial. Você vai se impressionar. E se incomodar um pouco. Levou melhor filme, roteiro e direção no Oscar de 1970, além de outros 24 prêmios e 15 indicações.

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1 Comentários

  1. Muito boas as dicas. Texto consiso que desperta a vontade de ver os filmes. Ótimo trabalho.

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