Winter is coming aqui no Rio de
Janeiro... ou será que já atingiu o Brasil todo? O fato é que nesta capital
está muito frio, uma frente fria veio nos salvar – e talvez me deixar resfriada
– do calor absurdo de um verão maior do que o normal. E nesse friozinho, vocês
me desculpem, mas minha baianidade só me permite ficar em casa, entre livros e
filmes, sendo feliz na minha cabana de edredon, a base de café. Para contribuir
com esse momento aconchegante de preguiça, pijama e meia, sozinho ou
acompanhado, seguem as dicas para esta semana feliz:
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Chef’s Table (2015, de Clay Jetter, Brian McGinn, Andrew Fried, David Gelb) – 50 min |
Poderia ser mais uma série sobre
comida, dessas que abundam nos canais de tv por assinatura, mas esta parece ter
algo especial. Como fã de comida e tudo o que a envolve, essa trata dos chefs,
um retrato conciso e interessante que dá importância e nos traz o conhecimento
sobre algum grande mestre da culinária internacional. O primeiro episódio é sobre Massimo Bottura, este da foto, e
de repente estamos em Módena, conversando e conhecendo um homem que modernizou
a culinária italiana, que já nos parecia ótima em sua forma tradicional. A
fotografia ajuda enormemente e aí temos vontade de morder a tela. Este mês
estreia a segunda temporada totalizando doze episódios em sequência de uma das
coisas mais gostosas da Netflix.
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Thelma & Louise (1991, de Ridley Scott) – 130 min |
Estaria na estante dos clássicos
modernos, filme que fala sobre amizade, sobre mulheres, sobre machismo e liberdade.
Quando estudava roteiro na faculdade, meu professor costumava dizer que este é
um filme completo; sua estrutura é perfeita, seus pontos de narrativa e virada
funcionavam no padrão clássico e ainda era híbrido em gênero. Eu concordo com
tudo, mas você nem precisa intelectualizar e tentar explicar demais. Vai
assistir as performances de Geena Davis,
Susan Sarandon e Harvey Keitel,
vai encontrar Brad Pitt em início de
carreira e corre para ver os desdobramentos de um filme fácil de ver e que,
ainda assim, toca em questões universais e relevantes ainda hoje. Se ainda
precisar de mais referências, Ridley
Scott é diretor deste e de Alien,
Gladiador e Blade Runner.
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Manhattan (1979, de Woody Allen) – 96 min |
Bem achei que já tinha indicado
este, mas me parece que só escrevi a crítica. Este é um dos trabalhos que deu relevância a um Woody Allen de quase quarenta anos
atrás, antes de rodar pela Europa, mas já consagrado, escalando Meryl Streep, Diane Keaton e Mariel Hemingway, todas bastante jovens e já grandes atrizes. Ele já seguia fazendo filmes em Nova York e
esse aqui é de uma beleza sem igual. Ele está no filme então se você o odeia ou
não gosta dele atuando, talvez encha o saco, mas é realmente bonito e
inteligente. Tem outra questão polêmica, que é o relacionamento dele com uma garota
e aí entram questões delicadas e difíceis de digerir, pensando na própria
história de vida do diretor. Em todo caso, o filme tem uma beleza fotográfica,
é uma ode a Manhattan, tem aquele velho jazz maravilhoso de todos os seus
filmes e grandes diálogos. Eu acho uma delícia para esse inverno súbito. A crítica está aqui!
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Bonequinha de Luxo (1961, de Blake Edwards) – 115 min |
E já que estamos em Manhattan, por
que não um clássico da cidade? Bonequinha de Luxo traz Audrey Hepburn como essa moça que tenta ganhar a vida em uma das
cidades mais caras do mundo e sonha com luxo e vida fácil enquanto esbarra no
dia a dia de encontros vazios, festas e assédios. Dirigido por Blake Edwards –
o pai daqueles clássicos da Pantera Cor
de Rosa, com Peter Sellers – e baseado
no livro homônimo de Truman Capote é
uma versão da cidade de mais de cinquenta anos atrás e em muitos momentos não
conseguimos entender como uma garota frágil como Holly Golightly consegue
sobreviver naquela cidade de homens – mas ela também não é boba nem nada. É uma
comédia romântica, gostosa e leve para uma tarde fria. Lembra daquela música Moon River? Está aqui.
Pulando pra música, Johnny Cash. Este drama conta um pouco
da história de um dos cantores mais importantes dos Estados Unidos e foca
precisamente na relação com June Carter, que depois de muita novela, virou sua
mulher e parceira. A história é linda, traz Joaquin Phoenix em uma caracterização que daria para dizer
incorporação do cantor. Ele não somente interpreta muito bem – para quem não
lembra, é o ator de Her (2013, de
Spike Jonze) – como canta muito bem, dando voz à trilha sonora do filme. Reese Witherspoon não fica atrás e
juntos eles têm uma química que faz gosto de ver na tela. Filme grande,
americano clássico, provavelmente terá algumas diferenciações da vida real do
cantor e algum fã super fiel pode reclamar, mas se você quer só se divertir e
conhecer um pouco da vida e carreira de Johnny Cash, vem ver.
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Conta comigo (1986, de Rob Reiner) – 89 min |
O filme extra da sessão, porque
me empolguei hoje, é Conta Comigo. Rob
Reiner dos anos 90, com River
Phoenix (o irmão de Joaquin, da
dica anterior), Kiefer Sutherland (lembra
aquela série 24 Horas?) ainda crianças, e baseado em um livro de Stephen
King, é uma história sobre infância e amizade, onde um grupo de amigos se
envolve em uma aventura bastante perigosa. Filme com carimbo de sessão da tarde da minha infância, deve
ter passado mais de 100 vezes na televisão, mas ainda acredito que nem todo
mundo viu. Tem uma cena traumatizante para mim, que me fez ter medo de água de
rio durante muito tempo, mas deixo em aberto para não estragar a surpresa. Se
ainda precisa de referências, Rob Reiner fez Harry e Sally (1989), que indiquei na primeira edição das Maravilhosidades e A
história de nós dois (1999), além de ser ator, produtor e roteirista. Vale
cada minuto.
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