Há muito tempo atrás, quando havia locadoras, dvds e filmes em vhs, os feriados eram sempre uma emoção a ser compartilhada. Estantes esvaziando, gente perdida passeando pelos corredores, entre as prateleiras sem saber
que filme ver, que ator era legal, qual era o nome daquele diretor estranho,
será que um filme estrangeiro seria uma
boa... e nós ali, aguardando nosso momento de opinar, indicar, quem sabe nosso gosto combina ou nossos argumentos ajudam... Mas agora seus problemas acabaram! A listinha da Netflix está mais eclética do que nunca!
Em uma semana conturbada para o
país em que ainda patinamos sobre previsões quanto ao nosso futuro sombrio, segue uma
lista diversa e interessante, com uma pegada mais internacional do que de
costume:
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Meus 533 filhos (2011, de Ken Scott) – 109 min |
Esse foi indicação de meses atrás
de Catarina Rangel, fotógrafa, amiga e também
baiana residente no Rio. De molho em casa no último fim de semana, consegui me
atualizar e esse filme é uma delícia de ver. Dirigido por Ken Scott que também
escreveu o roteiro junto com Matin Petit, a mesma dupla fez um remake americano
em 2013, com Vince Vaughn. O original franco-canadense é ótimo. Leve, carrega Patrick
Huard como David Wozniak, um cara do bem e enrolado, entrando nos 40 anos e
sempre com problemas de dinheiro. Tempos atrás, para ajudar a sanar as dívidas,
frequentou uma clínica para vender seu esperma e assim, anonimamente, é pai de
533 filhos. Destes, 142 decidem entrar na justiça a fim de saber suas origens. A trama gira em torno de um dilema moral que
parte de uma situação absurda, mas o filme ultrapassa o fantástico e ganha
nosso coração, em situações engraçadas e cativantes. É uma boa forma de começar
o feriado.
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Master of None (2015, de Aziz Ansari e Alan Yang) – 30min |
Aziz Ansari é um comediante em
ascensão nos Estados Unidos. Junto com Alan Yang, são criadores de Master of None e já haviam trabalhado
juntos em Parks and Recreation. Master
trata da vida de um jovem ator tentando seu lugar ao sol em NY, vivendo com os
mesmos dilemas de qualquer ser humano entre os vinte e tantos e trinta e poucos
anos. A série vai além de Friends, How I met your mother ou Girls. Ela
atravessa diversos temas de forma inteligente, crítica e algumas vezes irônica,
incrementando em qualidade o interesse de um público diverso. Racismo,
sexualidade, carreira, relacionamentos, amizade, está tudo aí e dá vontade de
ver mais. Vale muito a pena. Das melhores séries que há hoje na Netflix. Vi em
dois dias.
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Winter on Fire: Ukraine's fight for freedom (2015, de Evgeny Afineevski ) – 102min |
Lembra da crise política da Ucrânia,
que se alastrou e se transformou em uma questão internacional, envolvendo a anexação
da Criméia pela Rússia? Aqui é o início de tudo, o estopim, a escalada da
violência policial e o levante popular, influenciado pelos acontecimentos anos
atrás na praça Tahir, no Cairo. Agora tudo acontece na praça Maidan e vemos um pouco
do que se pode fazer pelo país e as consequências políticas e sociais das
manifestações. É imperdível, pertinente pelo momento que vivemos e já
falei sobre isso, sobre o Cairo e sobre nosso Brasil no Medium.
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LFO (2013, de Antonio Tublen) – 94min |
LFO é uma sigla em inglês para
Oscilação de Baixa Frequência, que significa um sinal de áudio que não se
ouve, mas ainda assim emite uma vibração. Patrik Karlson – em grande atuação –
é Robert, um homem que vive trancafiado em casa pesquisando variações de LFO e
trocando experiências sobre o assunto com pessoas ao redor do mundo, via
internet. Vive sozinho e descobre uma modulação que é capaz de hipnotizar
pessoas e ele passa a usar isso em seus vizinhos (Izabella Jo Tschig e Per
Löfberg) como um experimento, sem seu consentimento e em benefício próprio. É o
início de uma série de acontecimentos permeados de humor negro e um clima frio
que segue se intensificando à medida que as situações parecem próximas a fugir
de seu controle. O roteiro e seus atores sustentam a trama que se maquia de
lentidão, mas segue de acordo com uma rotina cada vez mais perversa e perigosa.
Alemão, com poucos cenários e bastante criatividade, é daquelas comédias
inteligentes que não dão pra gargalhar, mas ficamos de cara com o que vemos.
Estou correndo risco com esse aqui. Simples, despretensioso, mas me fisgou com essa pegada de
câmera na mão, filme independente, baixo orçamento. Tenho uma identificação com filmes pequenos porque eles costumam ser inventivos. É a
velha regra da crise econômica: se não há dinheiro e tem que fazer bonito, puxa na criatividade. Costuma funcionar, é só
pensar na medida certa contando com a realidade do orçamento. Voltando: é uma ficção
que conta a história de Danny (Tom O’Brien, que dirige e escreve, além de ser o protaognista), um cara que decide fazer um documentário sobre
relacionamentos em Manhattan, a partir de seus próprios relacionamentos com
amigos, familiares etc. Essa investigação ganha cores com um bom elenco
(Katherine Waterston - uma das minhas atrizes favoritas, Caitlin Fitzgerald e Gabby Hoffman, incrível em Girls) e seguimos sem muito
esforço. É um pouco como gente como a gente e é dos assuntos que me interessa
normalmente, comportamento, gênero, pessoas. É como uma comédia romântica, mas menos
boba que o costume. Tenta e me fala! ;)
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