Semana passada coloquei um filme
com Di Caprio porque ele está concorrendo ao Oscar de melhor ator. Agora segue
um filme do diretor de O Regresso,
Alejandro González Iñárritu. É um drama sério e duro, mas tem outros no
caminho, para dar uma equilibrada. A semana passou muito rápido e me atropelou
novamente, andei meio perdida no reino dos livros, então as críticas estão um
pouquinho atrasadas, mas compenso esses dias. J
Enquanto isso, segue a previsão
do tempo para o fim de semana:
A difícil arte de amar (1986, Mike Nichols) – 108 min
Jack Nicholson, Meryl
Streep e Jeff Daniels. Pronto, pode ver. O
drama conta a história do relacionamento entre Rachel (Streep) e Mark
(Nicholson), de uma forma tão realista, que parece algo nosso ou a vida de
alguém que conhecemos. Os anos 80 foram especiais para o cinema, trouxeram
desde comédias que ficaram marcadas na infância da minha geração a outros como
este, que vi anos depois e encontrei as músicas que minha mãe ouvia tanto, que
passaram a fazer parte da minha vida. Mike
Nichols é o diretor de Closer
(2004) e Uma secretária do Futuro (1988),
outros grandes filmes. O roteiro é baseado no romance de Nora Ephron, que também o adapta para o cinema. Essa era incrível,
olha o currículo: Harry e Sally
(1989), Sintonia de Amor (1993), Mensagem para você (1998), Julie e Julia (2009) e outros na mesma
linha. São comédias românticas leves, algumas das minhas favoritas, na verdade.
Mas o fato é que este filme é mais sério – menos bobo, alguns diriam – com um
elenco incrível. Se você está na casa dos 30, vai ver muitas roupas, músicas,
tecnologias de seus pais e familiares. É um ótimo retrato de época e do ‘reposicionamento’
da mulher em sociedade.
Biutiful (2010, Alejandro González Iñárritu) – 148 min
Aviso rápido: esse é forte. E
lindo. O diretor, como disse lá em cima, é o mesmo de O Regresso...e de Birdman
(2014), Babel (2006), 21 gramas (2003) e Amores Brutos (2000). Todos eles carregam atores de peso, tão bons
quanto seus enredos, sua forma específica de filmar, um tipo de cinema que se
transforma e evolui a cada obra. Em Birdman
ele trouxe uma cinematografia especial – além de fazer renascer Michael Keaton –
graças à parceria com Emmanuel Lubezki,
o diretor de fotografia que sozinho carrega 2 Oscars e outros 126 prêmios. Se
estiver em dúvida sobre assistir um filme e quiser uma forma diferente de
buscar – que não seja por Diretor, Ator ou Roteirista – vai atrás do Fotógrafo como
esse. Me perdi: Rodrigo Prieto (O Lobo de Wall Street, Argo, Brokeback
Mountain) é outro grande diretor de fotografia e é quem divide a parceria
com o diretor em Biutiful. Aqui, Uxbal (Javier
Bardem) está no olho do furacão: está doente, tem um dom especial, mas vive
com problemas grandes demais em sua família, com a mulher e a criação dos
filhos numa Barcelona que não vemos nos filmes de Woody Allen. O filme abraça
grandes questões sobre vida e morte, fé, educação, moral. Vale cada minuto por
todos os motivos, mas não é água com açúcar.
Qual o nome do bebê? (2012, Alexandre de La Petellière e Matthieu
Delaporte) – 109 min
Para aliviar a barra, chega este
francês engraçado e leve que, como O Deus
da Carnificina (2011, Polanski), se passa todo dentro de um apartamento.
Vincent (Patrick Bruel) vai a um jantar na casa da irmã e lá, enquanto
conversam sobre a vida, surge a questão de qual é o nome do bebê que ele e a
mulher esperam. Esse é o mote para uma comédia leve e que brinca com piadas de
mau gosto com diálogos divertidos, rápidos e inteligentes que se aprofundam em
questões que envolvem todo o grupo. Patrick
Bruel é um nome das comédias francesas. Valérie Benguigi é Elisabeth, a irmã de Vincent e com este filme,
leva o César de atriz coadjuvante. Ela havia já abocanhado com o mesmo papel o
Moliére, a versão do César para o teatro e nos deixou cedo demais, aos 47 anos,
em 2013.
Perfume (2006,
Tom Tykwer) – 147 min
Para acelerar os batimentos
cardíacos, outra adaptação, agora da literatura para o cinema. Perfume é um filme diferente. Quem me
conhece, sabe que gosto de filmes estranhos.
Sendo gosto uma forma subjetiva e ‘estranho’
um adjetivo que segue a mesma linha, vou especificar: gosto de filmes que
tendem um pouco pro bizarro, pro implícito, pro subliminar, para aquele olhar
desconfiado que damos ao encontrar alto estranhamente atraente. Gosto, por
isso, de David Lynch e Stanley Kubrick, os prefiro a Spielberg. Gosto de
Polanski e Scorsese, mas entre um e outro, fico com o primeiro pela mesma razão
e sensação. Tom Tykwer consegue um
pouco das duas coisas. O primeiro filme que vi dele é um super famoso ‘alternativo’,
Corra Lola, Corra (1998), bacana,
brinca com as alternativas, naquela ideia de histórias baseadas no ‘e se’. Mas
o que me prendeu mesmo foi Paraíso(2002).
Esse filme tem algo diferente, uma história de amor escrita por Kieslowski, com
Cate Blanchet e Giovani Ribisi e é tudo o que eu vou falar sobre ele. Perfume
chega com um peso ainda maior: Jean-Baptiste (Ben Wishaw) nasceu com um dom
especial, um senso olfativo acima da média e com isso, é especialista em
perfumes. Sua obsessão é encontrar a essência perfeita e um mundo obscuro se
descortina – como em todos os filmes sobre obsessões, esse também escorre para
o sombrio. Com uma fotografia e atores em performances extraordinárias (Wishaw, Allan Rickman, Dustin Hoffman),
foi um dos melhores de 2006.
Buena Vista Social Club (1999, Wim Wenders) – 105 min
Buena Vista foi o documentário
que abriu as portas para a música cubana para muita gente. Ry Cooder junta um grupo de músicos e compositores brilhantes do
país e juntos saem em uma turnê que toma o mundo. Com esta missão, o filme
acompanha o resgate, trazendo a glória de tempos passados de volta. O filme é
uma delícia não só pela música, mas por seus personagens, suas histórias, o
quando a história de Cuba invade aquelas vidas e as transforma. Wim Wenders, em tese, não deve ser
apresentado. O diretor faz tanto filmes de ficção quanto documentários com uma
qualidade narrativa inquestionável e aqui não é diferente. Menos denso do que
suas produções alemãs e mais leve pela característica tanto dos personagens que
retrata quanto pela música, é o final ideal dessa lista. Para quem tem dúvidas
ainda, cito os mestres presentes: Ibrahim
Ferrer, Rubén González, Compay Segundo, Eliades Ochoa e Omara Portuondo. Comprei o disco, tenho
o dvd e é uma alegria vê-lo na locadora, livre aí para todo mundo. É curto demais para o prazer que proporciona.
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