Sex and the city

by - maio 30, 2010


Não preciso dizer que algumas séries de televisão duram para sempre e que marcam o crescimento de gerações com interesses que se tornam comuns. Assim é com muitas delas e a partir daí se desenvolvem grupos tão heterogêneos que quase apenas a linguagem audiovisual consegue unificar, que diga Hollywood e todo seu sucesso histórico e global. Hoje, numa sala de cinema lotada de poucos homens e muitas mulheres, mais uma vez todas poderiam ser boas amigas.


Sex and the City 2 é um filme bobo, feminino, de meninas e mulheres, sobre amizade e relacionamentos em que todas já conhecemos os protagonistas, suas histórias de vida e não é difícil saber também o final. Sabemos que o figurino será no mínimo ousado e que todas vamos querer os sapatos que elas usam, os namorados e maridos de algumas e que ali é o reduto da fantasia que nos permitimos viver durante pouco mais de duas horas.

A série se consagrou no mundo por mostrar quatro amigas solteiras, trintonas, vivendo em Manhattan, falando e praticando sexo de maneira casual, sem maiores polêmicas. Todos os luxos eram permitidos: homens lindos, restaurantes e cafeterias, boates badaladas, moda e sapatos, muitos sapatos. E um histórico de relações que qualquer mulher pós-vinte consegue se identificar em menor ou maior instância. Não há só bobagem nisso: há uma espécie de retrato – guardando os limites da ficção – das mulheres da útlima década que vivem amizade, amor, sexo, trabalham e garantem seu espaço. Aqui falamos de independência feminina, relacionamentos e comportamento com uma comédia em tons de crônica com estilo e inteligência. Nesse bocado de ‘futilidade’ viveram e assistiram muitas outras mulheres da vida real, acompanhando as trajetórias das single ladies americanas. E agora, que na ficção continuam suas vidas nesta seqüência, marcamos outro encontro na grande tela.

Não por acaso, que aqui no Brasil surgiram programas de tevê que deram voz às mulheres: aquele com quatro mulheres independentes, algum estilo, idades variadas e importância no meio artístico-cultural que conversam sobre tudo o que rola no mundo ou outro de pior gosto une outras quatro falando de sexo tórrido e descritivo, cujo apelo é muito mais vulgar do que interessante. Este último, além da pobreza na qualidade e conteúdo cria uma confusão entre quebra de tabus, originalidade, ousadia e objetivo, este último que ainda não consegui identificar. Sem falar nas entrevistadoras e nos canais brasileiros voltados ao público feminino.

Voltando ao filme, claro que ele peca em alguns detalhes, falas muito marcadas, os estereótipos de sempre e a caricatura de um Oriente Médio que só os americanos têm a cara dura de fazer, que se inclua aí até a fotografia. De uma forma ou de outra, quem vai assistir não espera muita coisa além de reencontrar Carrie, Samantha, Miranda, Charlotte, Mr. Big e até o charmosíssimo Aidan. E sobre suspiros, risos, gargalhadas, oohhs e aahhs, as mulheres e até os homens – um senhor inicialmente rabugento que estava ao meu lado é um exemplo – riem das loucuras femininas das moças agora comprometidas e sempre complicadas.

Seria muito bom esperar uma seqüência para matar novamente a saudade das meninas, mas não sei se será possível. As crises estão acabando pra elas e o jeito vai ser comprar o box para rever as histórias que já sabemos de cor. Engraçado além do filme é ver a coreografia de risos e expressões que ganha o cinema cheio. Éramos todas comadres rindo juntas, criticando as roupas, amando os sapatos e rapazes do filme, nos surpreendendo com algumas cenas, partilhando da mesma emoção. E podem contar com mocinhas de 18 às senhoras, mães e avós. Fato que só reforça a necessidade das grandes salas frente ao mercado crescente do cinema em casa. Para que melhor, quando até as gargalhadas fora de tempo causam ainda mais gargalhadas e o público se solidariza com ele mesmo? É um cinema participativo que um dvd não se compara jamais, ainda mais se vamos aos domingos. Se esse texto saiu tão bobo e feliz com o filme, nada mais é do que o reflexo de uma boa sessão com ótima e vasta companhia, num momento mulherzinha. Que me desculpem os cults, mas tudo tem seu momento.

Título original: Sex and the City 2
Diretor: Michael Patrick King
2010, 146 min. EUA.

Posts relacionados

3 Comentários

  1. Tatiana seu blog é espetacular, show, not°10 desejo muito sucesso em sua caminhada e objetivo no seu Hiper blog e que DEUS ilumine seus caminhos e da sua família
    Um grande abraço e tudo de bom
    Ass:Rodrigo Rocha

    ResponderExcluir
  2. Tati, maravilhoso. O blog está cada dia mais expressivo, informativo, construtivo. Seu texto é uma delicia e os filmes sugeridos também. Um beijo da prima mais coruja!

    ResponderExcluir
  3. Stela Reuter, Tati quando vejo seus comentários fico com muita vontade de assistir todos os filmes, mas esse ano com certeza ainda vou realizar essa tarefa.
    beijos,

    Mamis

    ResponderExcluir