A arte de descobrir...

by - abril 21, 2008

Estes dias estou lendo entre a agonia e o desespero um novo livro. A agonia é para ler tudo e me deliciar com as imagens, já que é uma hq, o desespero é de saber que logo acabará. Estou lendo Valentina, de Guido Crepax.

Dessa vez ninguém me disse nada, ninguém me indicou. Tinha uma estante aqui meio bagunçada e eu, como toda neurótica que se preza, resolvi pôr tudo na ordem mínima de tamanho. Valentina estava meio torta na estante e a capa me interessou. Quando folheei, não acreditei e comecei a rir: tinha feito uma imensa e prazerosa descoberta.

Valentina é criação de Guido Crepax em meados dos anos 60, na Itália. Descobri, quando fui buscar uma imagem para postar, que ele é responsável também pela adaptação em quadrinhos de A História de O, de Pauline Réage, um clássico do sadomasoquismo internacional. Foi isso o que mais me surpreendeu e aumentou minha curiosidade. Já li A História de O e vê-la em quadrinhos deve ser mais chocante do que apenas ler, ainda mais sabendo quem a desenhou.

Valentina Rosselli é uma jovem fotógrafa que se envolve com o crítico de arte Philip Rembrandt, codinome Neutron, um super-herói com poderes mediúnicos. Ela é linda, morena de corte chanel, esguia de olhos grandes e lábios carnudos. Usa as roupas da moda, de grandes estilistas. Todas as mulheres retratadas são belíssimas e o que eu sinto é uma vontade imensa de me tornar uma delas, ainda que seus personagens sejam um pouco vazios e sem maior importância. A própria Valentina acaba sendo pega de surpresa em algumas situações, como uma menina boba que descobre as coisas sem querer ou cai de páraquedas nas situações mais perigosas. Pelo menos ela é uma mulher independente, fotógrafa (na época poucas mulheres exerciam a profissão) corajosa e enfrenta os inimigos como pode.

Vale ressaltar que estes anos 60, tão importantes para o mundo, são lembrados em reuniões e festas em que a dupla ocasionalmente participa: sempre tem alguém comentando sobre os livros, os pensadores, artistas, sem falar nas citações freqüentes dos filmes, até agora: Fellini e Eisenstein. Percebemos muito claramente que nada disso importa, quando vemos que por trás da falsa atenção que Rembrandt dá às conversas vazias, está, na verdade, recebendo as informações através das escutas instaladas nos ambientes da história. Acredito que toda esta brincadeira de contextualização com o universo burguês é apenas para fazer um pano de fundo para as histórias e muito menos uma provocação de pensamento artístico em meio às desventuras de bandido e mocinha.

Nossa heroína acaba se envolvendo nas tramas e vai ganhando cada vez mais espaço, até se tornar a protagonista. Para além das histórias divertidas e da criatividade sem fim de Crepax, é fundamental percebermos a beleza de seus desenhos e a importância deles para o cinema. Quadros com tamanhos diferentes, a expressão das emoções em planos-detalhe, a montagem, a complexidade e riqueza das imagens, a construção dos personagens. Em cada página precisamos ficar olhando por um tempo, para tentar guardar na memória e captar toda a idéia em cada traço. Guido Crepax é o mestre dos quadrinhos e isso tudo em p&b. Como não cheguei ao fim da história, só garanto a diversão do momento. Se pudesse, colocaria na íntegra para que vocês vissem a capacidade do autor, deixo uma imagem razoável de Valentina, por falta de uma melhor. Vou tentar ler uma página por dia, pra ver se dura mais.

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4 Comentários

  1. ninguém nunca perguntou nada para mim... mas disso eu conheço um pouquinho... na verdade, milo manara, artista bem mais interessante que guido crepax, publicava pequenas historinhas na playboy nos anos 80... outra coisa... valentina é uma série, acaba logo esse e parte pros outros... conheça druuna, de serpieri... e depois pesquise luca tarlazzi, as historias de vixxxen... e von wegen & weierman... procure uma historinha chamada submissive suzanne... ninguém mandou dizer que curte guido crepax...

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  2. vou pesquisar sobre isso..tentar ler alguma coisa.

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