Cor do verão

by - novembro 21, 2007

É... como toda baiana que se preze, a praia anda me fazendo muito bem. O verão começou no dia da primavera e o calor só faz aumentar. Dias lindos e, pra mim que moro pertinho do mar, é um sufoco e suplício sair todos os dias de manhã para vir à sucursal do inferno na terra: Lauro de Freitas.

Não tenho exatamente nada específico contra esta cidade, à exceção do fato de ter que vir aqui das segundas às sextas. Lauro de Freitas cresceu sob a sombra de Salvador, fazendo parte de sua região metropolitana. A ousadia é tanta que vivem reclamando o Aeroporto Internacional de SALVADOR para si. Lauro de Freitas é um município onde o desafio é a busca por lugares razoáveis para se alimentar; as opções são escassas e Villas do Atlântico, que corresponde à metade de Lauro, oferece mais opções... em Lauro é possível encontrar muito mais calor do que em Salvador, sem falar na total ausência de beleza natural. A feiúra reina e o máximo que a prefeitura conseguiu até hoje, foi construir uma fonte em frente à entrada do aeroporto, com um formato de barco + berimbau. O senso estético surpreende. Falar em policiamento e segurança ou coerência no trânsito é piada; como toda cidade pequena, as duas opções são quase inexistentes.

Evitando pensar nisso tudo, vivo pelos dias de sol nos fins de semana soteropolitanos. O feriado passou com chuva nesta terra e minha fuga ao litoral norte foi providencial. Retorno à terra natal, agora linda e brilhante, com o sol estampado onde o biquíni não cobre. Praias limpas e tranqüilas, surfistas, ondas e piscininhas. Onde eu fui tinha isso tudo e mais uma pousadinha com gente muito tranqüila. Nessa brincadeira toda, pedi dois altos pra relaxar e mudar as estratégias do jogo.

Com um domingo agitadíssimo e já estressante, fico pensando nas estratégias do descanso e de que forma posso virar este barco para mares mais tranqüilos, onde as ondas batam com força, mas sem perder o controle do leme. Sem problemas novos à vista, vou contornando os obstáculos do dia-a-dia com o retorno de um passatempo que deve construir algo de diferente em mim: o quebra-cabeças. Melhor remédio para concentração e aliviar o estresse, este jogo que acaba com a paciência de muitos, me faz refletir, através do colar das três mil peças, como construo meu mundo. Pessoas importantes e não importantes e o que deve se encaixar ao redor. É incrível como um passatempo pode solucionar nossas questões e criar significado diante das coisas sérias. Ou pode ser tudo invenção, daquelas que dizem que para tudo existe um significado. O que eu penso mesmo é que podemos inventar interpretação que nos apeteça para qualquer coisa e as metáforas e simbologias estão aí para provar. Enquanto tudo acontece ao mesmo tempo, meu olho crava no calendário em busca de um futuro próximo e muito diferente deste presente ensolarado.

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2 Comentários

  1. adoro o jeito que escreve
    .um tanto quanto envolvente.
    e eu tb quero um futuro presente não ensolarado.

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  2. É...nesse tabuleiro estranho que é Lauro estão faltando várias peças...

    Bala saber que você está montando esse quebra-cabeças...arranje depois um lugarzinho pra mim no meio das 3mil peças e vamo num cinema qualquer hora dessas.

    Beijo!

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