A Netflix nem sabe, mas me deu um
presente de aniversário, a ser entregue no dia certo, sexta que vem, 04 de
março. A quarta temporada de House of Cards é aguardada ansiosamente por mim e
não sei quantas mil pessoas, provavelmente. Está nessa listinha, junto com
outras pérolas, às vezes escondidas naquelas estantes sem fim.
Faça sol ou faça chuva, seguem os
eleitos pré-Oscar!
Best of enemies (2015, Robert Gordon e Morgan
Neville) – 87 min
Comecei agressiva. A primeira
maravilhosidade é o documentário Best of
Enemies, sobre uma série de debates entre William F. Buckley Jr. e Gore
Vidal, na ABC, a rede de tv americana, em 1968. A ideia era alavancar a
audiência da emissora, na época, a quarta em popularidade. Eram as eleições de
Richard Nixon e em uma época onde o interesse político era também intelectual e
não apenas de auditório e circo, a emissora contratou os dois intelectuais para
discutirem os partidos que apoiavam então, a eterna questão conservadora x
liberal. Só preciso dizer que esta série
de dez debates culminou em uma polêmica tal e as consequências marcaram a tv
ianque para sempre. Contando assim, parece quase chato, mas o filme é muito bem
montado e executado de forma que ficamos comendo as unhas, de tanta tensão. A crítica detalhada está aqui.
House of Cards (2013-, Beau Willimon – criador) –
51 min / episódio
Para acompanhar a temática
política, vem essa série lançada pela Netflix, uma das primeiras. A quarta
temporada estreia na próxima sexta e só não assistirei toda neste fim de
semana, porque preciso comemorar meu aniversário. A série é muito bem
construída em torno de Frank Underwood (Kevin
Spacey) e sua ambição pelo poder e sua permanência, enquanto presidente dos
Estados Unidos. O que ela tem de especial além da inteligência dos diálogos e
rapidez com que acontecem é a elaboração de estratégias e jogadas políticas tão
absurdas quanto reais. Basta ver o que acontece em nosso país e as analogias
são explícitas. Demorei para assisti-la,
achei que mais uma série em Washington
seria muito chata, mas Frank e Claire Underwood (Robin Wright) provaram que sustentam personagens doentios e
maquiavélicos de uma forma tal que nos apaixonamos por eles. guardadas as
dimensões do bom senso, claro. A série levou dois Globos de
Ouro, outros 16 prêmios e apenas 124 nomeações.
Antes só do que mal acompanhado (1987, John Hughes) – 93 min
Para trazer leveza, uma comédia
de ninguém menos que John Hughes. O diretor só fez Curtindo a vida adoidado
(1986), Clube dos Cinco (1985) e Gatinhas e Gatões (1984). Só. Só os melhores
filmes de comédia dos anos 80. Saindo da linha adolescente, indo pra comédia
familiar, Neal Page (Steve Martin) é
um executivo que precisa chegar em casa para o jantar de Ação de Graças, mas
tudo parece impedi-lo. Assim, conhece Del Griffith (John Candy), um vendedor falastrão e, por casualidade e
necessidade, resolvem viajar juntos de NY para Chicago, em meio a uma tempestade. É desses filmes de aquecer o
coração, com tiradas inteligentes e ingênuas. Dá vontade de ver algumas vezes,
até para matar a saudade de Candy, um dos melhores atores de comédia que conheci, que morreu cedo demais. Acabei
de ver que foi aos 43 anos, em um fatídico 4 de março, quando eu então
completava 11. Coincidência doida.
Paris, Texas (1984, Wim Wenders) – 147 min
Semana passada indiquei Buena vista social club, um
documentário sobre música cubana e seus artistas, dirigido por Wim Wenders. Agora é uma ficção, um dos
filmes mais importantes da carreira do diretor alemão, um dos que o consagrou. Paris, Texas é um drama cujo título faz
parecer outra coisa, propositalmente. É lá que encontraremos Travis Henderson (Harry Dean Stanton), que segue em busca
do filho e de sua mulher, Jane (Nastassja
Kinski) a fim de recuperar sua família. Lindo, terno, intenso, esse filme é
daquele tipo que marca. Ry Cooder
está de volta, na trilha sonora. Não espere uma narrativa americana rápida e
comercial, é preciso dar tempo para alcançar os sentimentos. Não vale assistir
com pressa.
Drive (2011, Nicolas Winding Refn) – 100 min
Encerrando esta jornada com outro
filme de impacto, Drive vai te fazer conhecer – e para alguns – se apaixonar
por Ryan Gosling. Um mecânico de dia
e dublê e motorista de carros de filmes à noite se apaixona por sua vizinha
Irene (Carey Mulligan), cujo marido
está preso. Seu chefe na oficina Shannon (Brian
Cranston, o Walter White, de Breaking
Bad) se envolve em um negócio arriscado com corridas de carro e lhe pede,
em desespero, ajuda. Ao mesmo tempo, após se apaixonar por Irene, descobre que seu
marido está livre e é só um início de um turbilhão de acontecimentos e
violências que nos deixarão sem piscar. O filme é lindo, na verdade, é sobre a
descoberta do amor, dos sacrifícios que estamos dispostos a enfrentar para
vivê-lo, além do senso de justiça e proteção a quem precisa.
0 Comentários